segunda-feira, 16 de maio de 2011

PEQUENO POEMA UTÓPICO por Filipe Raimundo



PEQUENO POEMA UTÓPICO


Se cada bomba, ao explodir,
Derramasse mil flores
E vitaminas.


Se cada bala, ao partir,
Levasse salmos de amor
E agasalhos.


Se cada canhão, troando,
Difundisse melodias.


Se assim fosse...


A guerra seria abençoada
Pelas suas vítimas.




Filipe Raimundo

INVENTÁRIO MARÍTIMO por J. T. Parreira


Inventário Marítimo


Um mergulhão se despega
das rochas, uma gaivota
prateia o vento..., solta
um pio, que é uma brecha
pequenina no silêncio
uma andorinha
do mar perde-se
no sol
um albatroz erra o seu peso
sobre as águas, que deixam
escapar pequenos ais
nas vagas
de espuma que se erguem.


20/9/2010
João Tomaz Parreira

O PINCEL DE PICASSO por J.T. Parreira



O Pincel de Picasso


Vejo no pincel de Velázquez
a luz branca que penteia
os cabelos das Meninas...


como vejo no pincel de Picasso
como vivem
Les Demoiselles d' Avignon


Não como no pincel de Van Gogh
onde nem sempre os amarelos
são a alegria pura


No pincel de Arles vejo
a dança do vento
na anatomia dos trigos


e o sol que se estende
nas pétalas dos girassóis
e a morte que parte o céu


vejo no pincel de Van Gogh
os corvos e auto-retratos
despenteando o silêncio.


15/3/2011
João Tomaz Parreira