sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A FALA DO SILÊNCIO - por José Felix

a fala do silêncio

tenho a água que me resta
da sede que me coube em partilha.
cada gota na língua é um nódulo
íngua de ferida que renasce
em cada limo.
pertence-me esta sede, benévola
liturgicamente guardada no pólen
dos lábios, na fala do silêncio mais íntimo
onde a humidade afaga o húmus
o fogo da semente da primeira palavra


José Felix

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

HINO DOS SALTIMBANCOS



                        HINO DOS SALTIMBANCOS
                        Letra: Franklin Santos

                        Saltimbancos pensai bem
                        Naquilo que somos nós
Uns aqui outros além
Nunca nos sentimos sós

Pilotos são saltimbancos
Mecânicos também o são
Sejam pretos sejam brancos
Todos usam galardão

Canseiras noites perdidas
Muito esforço dispendido
Horas tristes já esquecidas
Por tudo termos vencido

Saltimbancos que partistes
Meditai pela vida fora
Que aquilo que vós sentistes
Sentem também os de agora

Saltimbanco usas no peito
Um canguru radiante
Vê o Céu vê o teu feito
Calado ele diz-te avante

Saltimbancos que tombaste
Sê-lo-eis por toda a vida
E a saudade que deixastes
Nunca mais será esquecida

                           
                            Luso/Angola
                            Ano de 1973

21/12/1973 Entregue ao Fernando Pina.