quarta-feira, 29 de julho de 2015

DAVID

Michelangelo atravessou a pedra
E os séculos para esculpir David
O jovem ruivo de belos olhos
E a aparência bela da insensatez
Não tinha corpo para enfrentar gigantes, mas bastava-lhe
Para as poucas ovelhas
Que roíam caules no deserto
Com uma funda de abrir o vento em dois
Sobre duas fortes pernas, como o colosso
De Rodes no Egeu.


05-04-2015
©João Tomaz Parreira



segunda-feira, 20 de julho de 2015

ENFADO


cansei!
da alma fugiu-me a paciência
de ouvir a livre opinião.
esvaziei a mente da sabedoria,
atulhada de sapiência vã.
meus olhos só vêm demência,
palavras em repetição.
gasta-se a língua em teoria,
ontem, hoje, igual amanhã.
"passaritos" chilreando no ar,
em bandos despidos.
dinossauros,juízes do saber,
verdades sem razão.
a solução, falar por falar,
ideais de substância feridos.
intelectualidade,por querer ser,
do pensador, a negação.
esgotei!
a"santa paciência",imperícia,
fazedores de opinião?
renego beber tal ciência,
capitulei!
comer,por comer...isso NÃO!!!
Jcorredeira
2015/04/07

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A LÍNGUA


há quem adopte países e cidades
há quem afilhe a língua e a linguagem
há quem sublinhe a forma de sentir
e até subscreva o pensamento estranho
na emigração, no exílio da palavra.
mas a substância da raiz perdida
esgota a seiva salva no lio de água;
memória, pronúncia da larva ovo.
cravado, prometeu lamina a língua
que corta os elos lisos de lidar
onde o poder dos deuses corta a fala.
o sémen da palavra reaprendida
não poliniza a língua de outra fonte
e de que águas feita escorre límpida
em qualquer leito largo de sinais.


jose felix

sábado, 4 de julho de 2015

CAVALO DE TRÓA


há uma data de conversa de bêbados sobre a Grécia
nas praças da Europa, cavalos de Tróia emitem
sinais, mal podem esperar que as portas se abram
da cidade e o luar dê lugar ao sol sobre os telhados
veio a madeira dos bosques falidos da Finlândia
todos os artesãos com o coração analfabeto
da história, pediram a Fídias o dom emprestado
de esculpir, arengam nos areópagos, travestem-se
com cabeleiras de Medusa a la Dijsselbloem,
enquanto o amanhã não chega, o sonho
talvez o sonho escondido de fazer um resort de luxo
na colina do Partenon
ninguém desprega o olho da colina do Partenon.

04-07-2015
© J.T.Parreira