domingo, 27 de novembro de 2016

UM FILHO É A PRIMEIRA COISA


“Vuela niño en la doble / luna del pecho”
Miguel Hernandez
Um filho é a primeira coisa que as mães descobrem
Abrem-se para um corpo frágil
Que sai entre colunas
Dão ao mundo como uma dádiva bendita
Do ventre
Entre os homens não há nada igual
Um amor tão chorado de alegria.
16-06-2016
© João Tomaz Parreira
(Arte: Margarita Sikorskaia, 1968, Rússia)

domingo, 20 de novembro de 2016

VIAGEM NA POPA DE UM NAVIO

Já ouvi poemas de água na esteira de um navio
Um tumulto de espuma que se apaga
E deixa o longe uma linha de melancolia
Igual em qualquer mar, das Caraíbas ao Mediterrâneo
Onde nem Heraclito supôs que o tempo fosse um círculo
Já li poemas de água deixados no rasto de um navio
Que vêm do fundo dos cânticos de sal
Onde o sol afunila a sua luz.




26-07-2016
© João Tomaz Parreira

RECORDAR...E...VIVER...AB4


Angola Terra Linda!
Como é bom relembrar!...
Os tempos vão passando,
E vós hoje a recordar…
Outrora eram belos jovens,
Hoje já se vão, até queixando…
Partiram com a Força Aérea….
Quis o destino encontrá-los,
Em África esvoaçando…
Naquela terra vermelha e quente,
Lutando pela Pátria!
Momentos tristes,
Horas amargas…
Essas que hoje recordam!!!
Foram fiéis ao chamamento,
Numa luta desigual…
Juraram e lutaram por um ideal!
Defenderam sem igual.
Contavam as horas…
Contavam os dias…
Choravam e riam!!!
O tempo ia passando,
Entregues ao destino!!!
Nasceram aflições.
Ajudaram multidões…
Perderam aviões…
Pobres homens!!!
Mas…
Dia a pós dia…
A vossa coragem nascia!
A vossa esperança surgia!
As famílias esperavam…
As famílias rezavam…
Infindáveis promessas…
No ar havia fé!!!
Quis o destino deixar-vos voltar…                                
Eis que chegaram…
O sol não vos deixou!
O sol vos encaminhou! 
Risos e alegrias as famílias partilharam…
E…
Em cada ponto do País,
A vossa vida se foi construindo!
Mas…
Não esqueceram os colegas!
A amizade perdurou…
E ano após ano,
O sol vos reencontra…
Adoram brindar e contar…
Foram momentos inesquecíveis,
Vividos por todos vós…
É bom sentir,
É bom relembrar,
Aquela terra Linda,
Que vos deixou regressar!!!
Para todos vós,
Eu e o Chambel desejamos….
Mil felicidades sem par!!!
Com muito carinho e amizade …






Maria do Rosário Chambel
  -----Em Argomil-----
Encontro de 12/11/2016             

sábado, 12 de novembro de 2016

SEMPRE NO ESPLENDOR DO JASMIM


Se vires uma violeta caída, repõe-na na humildade do seu canteiro.
A natureza fê-la humilde, para ensinar que o amor não se ufana, mas é o elo verdadeiro,
É o perfume que liga as flores e nunca nos engana!

O rouxinol é a voz dos poetas pelos soutos dispersa;
Em melodias inacabadas como a eternidade!
Vai escutá-lo, quando puderes , na qualidade e esplendor duma aurora insubmersa.
De predicados novos para flores novas...
-Fala-lhe porque podes falar à vontade
Com um rouxinol, o mais poético mensageiro da vida
O mais vivo ser-vivo que se desfaz em trovas
Pela penumbra amanhecida.

JCorredeira.

domingo, 6 de novembro de 2016

CANÇÃO PARA AMÉLIA


Chopin - Prelúdio op. 28 Nº24 - canção para amélia
tem doçura a doce amélia
que no nome pronuncia
o corpo de favos cheio
brotando mel e alegria

na folha da tua face
vai a minha mão menina
que de um modo tão rapace
de um animal no enlace
solta-se a voz na neblina;
os teus olhos na floreira
são dois botões de camélia
estão ali a vida inteira
como o cacho na videira
tem doçura a doce amélia
na serena idade e grave
plantas um beijo nos lábios
que nem a brisa se atreve
secar um ósculo breve
como disseram os sábios.
pois só assim eu nomeio
a fala que se anuncia
e se me perco no enleio
deixo todo o meu anseio
que no nome pronuncia
de ti bebo a fina água
fonte de todo o início
em ti aqueço a minha frágua
deixando as mágoas à míngua
encher-me de ti é vício.
saboreio-te na gula
és o meu pão, meu recheio
o cereal que tremula
de gesto em gesto se anula
o corpo de favos cheio
no jardim da primavera
és uma flor solitária
prima ballerina vera
sobrevindo da quimera
como sempre imaginária.
do pólen me alimento
e toda a flora anuncia;
és para a ferida unguento
a colmeia do acalento
brotando mel e alegria

josé félix