Regresso aos olhos da infância
Aos jardins órbitas que atraiam
borboletas, abelhas e as pequenas
correrias
Volto ao velho pó
que se levantava sob os pés
já não existe, nem a sola
das minhas botas rígidas
Tinha cinco anos no alto
onde a Fonte Luminosa cantava.
© J.T.Parreira
O assunto do poema é a poesia
O assunto do poema é a poesia
O CONDOMÍNIO
“Os andares vários da acumulação da vida...”
Álvaro de Campos
Os passos do terceiro-andar
percorrem a rotina
dos silêncios
O choro de um bebé
enche as paredes frias
de ternura, do primeiro-andar
um piano sobe
contra o edital da noite
que no quarto-andar se apressa
e desce sobre a rua
pôs a máscara dos estores
uma janela do segundo-andar
a luz do rés-do-chão
é um olho no abismo.
22/5/2010
© J.T.Parreira
O assunto do poema é a poesia
O assunto do poema é a poesia
LINHA 4
As palavras simples anunciam
vêm resolver a espera, vêm
do fundo as carruagens
um vento se aproxima
vento metálico a travar
sobre os carris
Os meus olhos testemunham
esperam a imobilidade
do comboio, abarcam
toda a extensão do pássaro
terrestre
Entro depois em olhos silenciosos
sentados lado a lado.
12-5-2010
© J.T.Parreira
O assunto do poema é a poesia
O assunto do poema é a poesia