sábado, 18 de agosto de 2012

À SOMBRA DOS CAVALOS por José Felix

à sombra dos cavalos

nasci há 4.500 anosem almendres

e no cobre do tempo temperei

o vaso e a espada, que desenhei

para defender dos inimigos o meu clã.

orávamos palavrasincompreensíveis

para o rumor das árvores em dias

de ventania. risquei sóis e bucrânios

com litos do xamã ouvindo cantos

de zambujeiro, fúnebres, iguais

à fala para a morte de um imberbe.

na paciência dos dias tive a mulher

que me coube pelo poder do braço

até que um homem novo ma tirou

e senhor do poder de ler os sinais

incendiou o meu coração.

quando fui para longe

recolhi-me na gruta do escoural

e adormeci à sombra dos cavalos.

josé félix