sexta-feira, 9 de maio de 2014





Lá Longe

Foi lá que vivi. Lá longe
Onde não havia telefone e ainda não existia telemóveis.
As cartas, essas eram abertas, riscadas e rasuradas.
De lá, tiravam aqueles cinquenta escudos que as Mães
Amealhavam para enviar e consolar os filhotes.
Lágrimas corriam quando líamos e sentíamos a dor
Da distância do amor e dos abraços que não podíamos ter.

Foi lá que vivi, Lá longe
Palavra que só nós sabemos dizer e sentir;  saudade!
Uma foto sem cor, um beijo sentido como fosse dado.
Meia dúzia de palavras  num aerograma e
Mais uma semana de leitura , sempre a mesma
 sempre o mesmo amor.

Foi lá que vivi. Lá longe
E como gostava de poder pôr neste pedaço de papel
Tudo o que vi, senti, odiei e amei.
Tudo que me obrigaram  a fazer e que fiz por ser
Português.

Foi lá que vivi. Lá longe
E lá conquistei a amizade daqueles que não conhecia.
Momentos de dor e sofrimento que com a união de todos
Superamos o tempo que parecia não passar.

Mas chegou esse dia e regressei.

A dor, o sofrimento, o isolamento as saudades,
Lá ficaram mas, não consigo esquecer
O bom e o mau de tudo que vivemos.
Certo sim que ganhamos grandes amizades
Que perduram até hoje e talvez para sempre.

Foi lá que vivi. Lá longe.

Rui Neves