domingo, 26 de novembro de 2017

INCOMPLETO QUERER




O dia sobe no azul nublado duma quimera.
Escasseia berço nessa espuma de vento colorido.
Desencanto a bocejar
Na rama adormecida dos pinheiros.

A brisa desenlaça o abraço
Que se prende numa papoila virgem.

Caudal de rio...
Água de beijos em lábios queimados.
Sol ardente esfria,
A alma dum corpo despido.

O despertar busca no nascer do dia,
Um sorriso em cada pranto!...

Jc
In"espelho de poesia"

(Freixo E. Cinta-Congida)
(foto:-heli José Carvalho)

domingo, 19 de novembro de 2017

O REGRESSO


A beleza sentava-se neste espaço do Éden
a cadeira de baloiço espera no alpendre
que o homem regresse
às noites tranquilas, às nostalgias frescas
das manhãs, atravessadas por aves audazes
que fazem um cântico do silêncio do jardim
seja o que for que cantem
que o homem regresse aos aromas
do jardim, com cabelos tranquilos, com os olhos
limpos, com vestes do campo, aberto
para as pequenas coisas da divindade.


27-07-2016
© João Tomaz Parreira

domingo, 12 de novembro de 2017

NIHIL


foi contra o autocarro
que fazia a última viagem
com passageiros da noite
na mão esquerda ainda tem a garrafa
de london com restos de gin
e a marca de lábios de mulher no rótulo.
o sangue jorra-lhe da cabeça.
a espada de dâmocles
suspensa do fio de crina do cavalo
cortou-lhe a vida contínua
que levava dentro de um fruto maduro;
queria perceber a filosofia de existir.
o último gesto ficou suspenso
junto da paragem de autocarros
sem olhares curiosos
só a sereia da polícia de giro
corta o sossego da noite
cumprindo com um sorriso
e gestos comprometidos
outra forma de estar
agarrado à existência.
josé félix

domingo, 5 de novembro de 2017

O SABOR DAS CHAMAS €€€


São falsos patriotas
Figurões, agiotas.

Nas chamas escondidos
Feitos "bandidos"!
...
Num abraço,
Por Alighieri eternizado
A sombra misteriosa
Dum inútil acomodado.
Asteróides sem luz,
Sublimam a conveniência
Do negócio escondido
Na guitarra e no fado.

Vocifera veneno o imbecil,
De bandeira na lapela
No cobarde aproveitar,
Asno, igual a tantos mil
Bebe na desgraça da capela!

...Triste povo que celebras em festa
A razão da incompetência!...


Jc