domingo, 29 de julho de 2018

BUCÓLICA


as cabras trazem
o cheiro de montanhas impossíveis
e como numa história infantil
a mãe sossega a água na neblina.
vêm os pássaros, o canto
gregoriano detrás da muralha
e o desejo da sede
no poço do caminho.
há dias na pergunta dos murmúrios
que ficam presos na brisa das árvores.
josé félix

domingo, 22 de julho de 2018

RAZÃO/SOLIDÃO


Deito-me com a tua imagem
Tentando entender a razão
Encetamos uma viagem
Vais junto do meu coração
O que provocou tal sensação
Será simplesmente atração
Ou o medo da solidão
Acordo sem perceber a razão
Novo dia já começou
A sensação continuo
A dúvida me assaltou
Atração ou solidão.
M.P.

domingo, 15 de julho de 2018

CRAVOS DE SONHO


Porque te vi nascer, porque os abutres te secaram pétalas, sonho poesia. JC

Sermos livres
livres como o desejo
na liberdade de pensamento
de olhos que olhem e não vejam
senão o que se vê
de línguas limpas
que não apeteçam a podridão
de códigos que não sejam
letra morta onde tudo se lê
menos a palavra amor e liberdade


J.Corredeira

domingo, 8 de julho de 2018

Ó DEUS !


Já me conheces, Deus.
Tenho pecados,
Mas não é minha culpa toda.
Eu fui conviva
Da grande boda,
Dos seus cuidados,
Que não ouviram cuidados teus.

Vai longa a festa.
Prazer esgotado.
Nódoas de fado...
Pouco mais resta,
Nada mais digo.

Ó Deus!
Se podes,
Sê meu amigo.


Floriano H. Silva
HC, 20/4/1968

domingo, 1 de julho de 2018

AEROGRAMA DA GUERRA COLONIAL


“Sabe o ícone a escutá-la, grave, com pesar,
Que o filho que ela espera nunca há-de voltar.”
Konstandinos Kavafis

Filho, o teu silêncio só Deus sabe por que
Nós sabemos que depois de algum tempo
Esfria a vontade de escrever e o assunto
Vai passando de moda ou espera
Mas a tua carta sempre foi tão pontual
E riamo-nos à mesa, como se o que escrevias
Fosse a tua voz, Filho o teu silêncio agora
Que nos não dá respostas, sabe Deus por que.


5/2018
© João Tomaz Parreira