sábado, 16 de abril de 2011
JACOB E O ANJO por João T. Parreira
Jacob e o Anjo
Há as mãos efémeras de Jacob, que tocaram
e palparam o volume suave do eterno
um duelo desigual
...e existe um rio que encheu de cristais
os olhos de água de Jacob
Há uma estrela que apaga, por último
as luzes ao fundo do céu
Existe o dia a nascer repartido
pelos corpos do Anjo e de Jacob
um levando o outro e as suas vozes
pelos veios da água poderiam
ser ouvidas muito longe.
7/3/2011
João Tomaz Parreira
sexta-feira, 15 de abril de 2011
O ENGRAIXADOR, por J.T.Parreira
O ENGRAIXADOR
Nas costas carrega o brilho alheio
dos sapatos dos outros
seus pés desnudam a luz da calçada
...suas costas voltadas
para a laranja do sol
e a brisa da tarde a tremer nos calções
e o dia
quase no chão a ir devagar
O garoto caminha nas pegadas
de regresso a nada.
João Tomaz Parreira
sexta-feira, 8 de abril de 2011
A ODE CHAMADA MARÍTIMA de J.T.Parreira
A ODE CHAMADA MARÍTIMA
«Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!»
Á.Campos
Dispondo do vento sobre o papel
e do cheiro a oceano que vem
do meio da multidão
das águas, sozinho, em pé
no baloiço do meu próprio corpo
escrevo como outrora o hebreu
à beira do Eufrates
e o que choro é um
choro nítido a meu modo
ao cair das tardes
no cais molhado de gaivotas
deserto, pequeno e sem viagens.
J.T.PARREIRA
Poemas de 2010
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