domingo, 30 de dezembro de 2018

A LÍNGUA


há quem adopte países e cidades
há quem afilhe a língua e a linguagem
há quem sublinhe a forma de sentir
e até subscreva o pensamento estranho
na emigração, no exílio da palavra.
mas a substância da raiz perdida
esgota a seiva salva no lio de água;
memória, pronúncia da larva ovo.
cravado, prometeu lamina a língua
que corta os elos lisos de lidar
onde o poder dos deuses corta a fala.
o sémen da palavra reaprendida
não poliniza a língua de outra fonte
e de que águas feita escorre límpida
em qualquer leito largo de sinais.

José Felix

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

«NATAL NOS TABANCA»


Soldado velho quis fazer jantar dos Natal nos seus tabanca!
Lobitanga ter estado com os paludismos, mas já está bué de bem!
Lobitanga conheceu mininos soldado velho!
Lobitanga teres ficado no encantamento com minina mais velha!
Cláudia seres professora e chamou Lobitanga para tratar dos mesa!
Lobitanga bué de contente!
Soldado velho já tinha ensinado Lobitanga coisas dos mesa!
Cláudia foi mais no ensinamento!
Professora Cláudia ensinou Lobitanga e tudo bué de bonito!
Cláudia chamou Lobitanga nos mesa!
Lobitanga ficou mesmo pegada nela!
Lobitanga maning contente!
Soldado velho ter também minino Luís!
Um cota bem bonito!
Muito simpático com Lobitanga! Pegava toiros e agora pega aviões!
Soldado velho ensinou nele coisas dos aviões!
Apareceu depois uns minina bué de gira (Joana),
Canta bem os fado!
Cantou amor de mel amor de fel, Lobitanga ter ficado passada.
Lobitanga vive em mundo novo!
Lobitanga volta para o ano!
Não roubem soldado velho a Lobitanga!
«LOBITANGA BALDÉ»


Luis Faria Costa

domingo, 23 de dezembro de 2018

MENINO...


Natal, é nascimento, humildade, é amor e paz. Deixemos que a palavra abra consciências de temor e se expanda na luz virtuosa dos homens!
jc
-//-
MENINO...
Eu não sei se tu poderás entender
O que é ser
Um homem de bem!
-Aí tens um Pai Natal!-raramente o consegue.
Porquê!- Ele terá mais de servir do que servir-se;
E dos outros terá mais de ser
Do que de si; de todos e de ninguém.
Ele tem de ser a humildade; pois que a não negue!
Um pai natal terá de ser um homem de bem
Porque terá de ajudar a construir a paz.
Porque o amor e a paz têm uma e só a mesma fonte de luz.
Mentir a ninguém apraz:
Nem à luz nem aos homens;
Tem de ser um homem a valer!
Ou teremos um qualquer improvisado vendedor de sonhos,
Que por bem ou mal nascido tem de torcer
A verdade ou endeusar a mentira,
Apenas na mira
De querer parecer
Para ganhar 

Júlio Corredeira
BOM NATAL

domingo, 16 de dezembro de 2018

LOBITANGA FELIZ !


Lobitanga feliz!
Lobitanga não sabia onde soldado velho vai Domingo!
Lobitanga bué de preocupada e com medo!
Soldado velho leu um post ou poster(como se diz?),
Que lobitanga escreveu!
Soldado velho muito amigo, não quer Lobitanga com os preocupação!
Hoje soldado velho disse Lobitanga:
Lobitanga! Soldado velho tem «bicos de papagaio»!
Soldado velho vai domingo nos termas para ficar novo!
Lobitanga ficou descansada mesmo!
Lobitanga já pensava outros coisas!
Soldado velho vai regressar muito bem!
Lobitanga gosto mesmo soldado velho!
Lobitanga vai guardar bem os tabanca!
Lobitanga vai esperar soldado velho nos porta do tabanca!
Se soldado velho deixar Lobitanga dá beijo nele!
«LOBITANGA BALDÉ»

Luis Faria Costa

domingo, 9 de dezembro de 2018

UM MATAR DE SAUDADES.


Como os anos vão passando
Nossos encontros continuando
As amizades perdurando
Nós as vamos alimentando

Almoços e convívios organizamos
As saudades vamos matando
Com conversas recordamos
Todos os já partiram lembrando

Algumas tristezas lá tivemos
Alguns companheiros perdemos
Nos encontros seus nomes falados
E com todo o respeito tratados

Todos nós lá andámos
Brincamos rimos e cantamos
Muita mata sobrevoámos
Histórias de caça contámos


Mário Pires "Bica"
AB4 SEMPRE.

domingo, 2 de dezembro de 2018

AMIZADE


Sem vós eu não seria nada.
(Aos amigos que em 25/11/1975 estiveram comigo)
-//-
Desde a mais remota, escura antiguidade
Tem sido em prosa e verso sublimada ,
Em símbolos eternos celebrada,
Essa forma de amor-pura amizade.
É princípio excelente de igualdade,
Um sempre lado-a-lado na jornada,
De cada dia a límpida alvorada,
Em presença real ou em saudade .
Comunhão tão profunda, augusta e forte,
Que sobrepassa tempo, fado e sorte
Um reflexo, talvez, da divindade .
Mais que o sangue, ela expressa a linguagem
Que supera a voz forte da linhagem,
Na escolha, em perfeita liberdade.


Jc

domingo, 25 de novembro de 2018

POEMA DO DIA DE HOJE


Nos teus derradeiros anos, sentávamo-nos
No café e antes que as palavras arrefecessem
Bebíamo-las de um sorvo, com alguns verbos
Psicológicos à mistura ( como dizia Wittgenstein)
Como crêr, pensar, imaginar
Como tudo seria se não houvesse a morte
Depois ficávamos com o silêncio quebrado
Por quem entrava e saía, como quem atravessava
Um relógio parado em ponto da tarde.
19/03/2018
© João Tomaz Parreira

domingo, 18 de novembro de 2018

BENDITO É O FRUTO


bendito é o fruto. sobrevém
na transparência da semente viva
a língua da radícula que emerge
da escrita na contemplação cativa
da árvore em crescimento.
a fala, a seiva que sulca, rodeia
com a saliva limpa e dos lábios
em construção se justifica a voz.
simples, as folhas vão e vêm com o olhar.

josé félix

domingo, 11 de novembro de 2018

LOBITANGA E SEUS TERRA!



Soldado velho falar muito,
Sobre os terra de Lobitanga!
País de Lobitanga ser muitos grande!
Soldado disse ir de Miconge a Luiana!
Lobitanga não sabia!
Meu país teres vivido muitos guerra!
País Lobitanga ter uns novo guerra!
Soldado velho disse ser guerra dos corrupção!
Gente grande fica com dinheiro do povo!
Gente grande fica com os riqueza mesmo!
Agora Senhor João Lourenço,
Novo gente grande dos meus terra,
Tenta melhorar vida de povo!
Estão já nos prisão gente bué importante!
Lobitanga bem contente se senhor Lourenço,
Acabar com os corrupção!
Lobitanga vai tar bué de atenta!
Lobitanga vai pedir ajuda soldado velho!
Lobitanga nem quer acreditar!
Senhor António Costa,
Gente grande dos puto,
Foi nos Angola mesmo!
Lobitanga ouviu senhor Lourenço vir aqui nos terras de tuga!
Se senhor Lourenço vier,
Lobitanga pede a soldado para ir nos Lisboa,
Ver senhor Lourenço!
Lobitanga acredita!
Povo de Lobitanga merece!
Os povo dos tugas e os povos de Lobitanga merecem!
Não roubem soldado a Lobitanga!
«LOBITANGA BALDÉ»

Luis Faria Costa

domingo, 4 de novembro de 2018

REGABOFE


Pensei e repensei
Regabofe ai vai
Autentico regabofe politico
Montes de deputados
Com um100 número de acesserores
Motoristas seguranças e carros
Montes de presidentes de Camara
Mais carros e acesserores
Presidentes de junta incultos
E eles são tantos
Os táchos não têm fim
São poucos a trabalhar
Mas muitos a mamar
Onde isto irá parar
Tenham muito cuidado
Ainda existem portugueses
Que sabem cantar o fado
E tocar as guitarras
Conjuntos criamos e Africa
Amizades lá fluresceram
Todos guitarras lá tocámos
Baláda que não esqueceram
Cuidado com os cotas
Eles não estão a gostar
Do rumo que isto está a levar
Isto um dia vai parar
É tudo a mamar
Poucos a trabalhar
Nos corredores a passear
E o povo a aguentar

O Kapeta M.P.

domingo, 28 de outubro de 2018

PORQUE SOU POBRE, SENHOR ?


São meus os dias de tédio.
As noites infindáveis, pertencem-me!
E quase me vencem,
Quando as não venço.
São meus os pecados todos,
É minha toda a beleza.
É só minha esta incerteza
De estar certo e errado.
Fui eu que inventei o fado,
Soltando ais e lamentos.
Nasceu de mim o amor...
Se tudo é meu, mesmo os céus.
Se é minha a graça de Deus,
Porque sou pobre, Senhor ?

Floriano H. Silva
HC, 22/4/1968

domingo, 21 de outubro de 2018

OLÁ OUTONO !


Acordei muito cedo ao romper da alvorada
E entrava de clarear mais um dia de Outono
E após eu ter passado uma noite sem sono 
Só passando por ele já de madrugada

Bem desperto escutava atento a passarada
E o ladrar dum rafeiro que seguia o dono
E nos perigos deste o mais fiel patrono,
E as árvores despiam folha amarelada.
O sol rasgava a névoa do fosco agreste
Travando até mim algo desse Nordeste
Onde passei a minha inteira mocidade;
E na minha outrora viva fantasia ,
Do mundo que eu vivera e há muito não via,
Acordava a tristeza envolta em saudade...

Julio Corredeira

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

RESPOSTA QUE O POETA ENCONTROU ÀS SUAS QUESTÕES


Quando eu estiver mais cansado e a doença
Me der a tristeza das coisas belas, quando tiver
Apenas palavras para enxugar
Nos meus olhos as lágrimas, lerei
Os meus Salmos favoritos e os montes
Serão lagos de água clara no azul
Todas as montanhas são para subir
Lerei o trecho favorito
Da oração sacerdotal de Jesus Cristo
Onde deixou uma ponte entre nós e o Pai
E sentirei nos glóbulos doentes o valor
Da Graça bastante do meu Deus.

02/10/2018
© João Tomaz Parreira

domingo, 14 de outubro de 2018

NAS ARESTAS DOS FRUTOS


nas arestas dos frutos se percebe
a condição da árvore
a radícula que atravessa a língua
semeia o sabor da castidade
na avidez das papilas como anteras
no suporte da criação
na explosão da água
a flor abre-se ao pólen
com a memória a engravidar a infância.

josé félix in fácil é o movimento da folhas

domingo, 7 de outubro de 2018

OI! FALA LOBITANGA!


Lobitanga triste, Lobitanga contente!
Lobitanga triste porque soldado velho, amanhã não está nos tabanca!
Lobitanga vai aproveitar para arrumar papéis soldado velho!
Soldado velho escreve bué e esquece papéis!
Lobitanga vai por tabanca muito bonita!
Lobitanga vai usar regador e varrer chão sem fazer pó!
Quando soldado velho regressar tabanca bonita!
Lobitanga contente porque soldado vai tratar «bicos de papagaio»!
Às vezes soldado dizia Lobitanga ter muitas dores!
Lobitanga acredita que termas vão fazer bem aos «papagaios»!
Lobitanga vai ficar muito contente!
Lobitanga quando soldado velho for seu cama vai publicar sem soldado saber!
Há muitos pessoa ligar telemóvel Lobitanga pedindo para Lobitanga publicar!
Lobitanga gosta do vida nova!


«LOBITANGA BALDÉ»
Luis Faria Costa

domingo, 30 de setembro de 2018

DEDICO AO MAR


Que do seu barco caiu
O rio te engulio
O teu corpo sumio
Nunca mais ninguem te viu
Foste levado para o mar
Eu sempre te senti perto mim
Algo que não sei explicar
Tantas noites estás junto de mim
Como tenho esse sentimento
Pouco a pouco trasmitido
Deve fazer parte de algo
O qual eu não acredito
Á noite prescuto o mar
Oiço um cantar
Custa-me a acreditar
Sérá que alguém quer falar
No verão ou no Inverno
Sinto o teu chamar
Olho para o mar
Até que me mandas deitar
Adoravas o mar como eu
Un dia nos vamos encontrar
Abraços e cantigas
Vamos os dois ensaiar
Deste-me o amor pelo mar
Eu nunca te agradeci
Temos tempo para partilhar
Eu prometo que vou lá estar
Vais continuar a cantar
Eu ouvindo canções de embalar
Meus olhos sempre postos no mar
Pois muito perto de ti estou a morar
O Satanás 

M.P."Bica"

domingo, 23 de setembro de 2018

AOS AMIGOS


Poeta? Não sou! Pois tudo quanto escrevo em verso
Esvai-se como fumo em sombra de lonjura 
Ou como fogo-fátuo em noite espessa, escura,
E sinto-me em vazio tristemente imerso!

É certo que por todo o vasto Universo
Me lanço com ardor e sempre na procura
De harmonia, de luz, de beleza e de candura,
Que possa traduzir em poema lindo e terso.

Mas ao reler o que traduzo em poesia,
Vejo nesse intenso desejo que me guia,
Uma pálida imagem dum sonho de infância.

Porém... relendo, uma vez mais, o que escrevi,
Talvez eu seja um poeta em musa que sorri
Ao meu gosto secreto duma inata ânsia.


J. Corredeira

domingo, 16 de setembro de 2018

O MEU PEDIDO


---Quando eu morrer!
Quero que ninguém chore por mim,
Que me dêm sepultura...
Pobrezinha, como os demais,
Um monte de terra escura
Bem juntinho ao de meus pais!
Onde eu possa finalmente,
Voltar como toda a gente,
Ao triste pó de onde vim!...
É só isto que espero,
Quero um caixão pobrezinho!
Onde não ponham flores,
Pois eu, corpo triste,
Chaga sem dores,
Comecei a viver
Na saudade dos que vivem.
E se eu lá longe morrer,
Não me deixem lá ficar,
Não se esqueçam que pedi;

Eu só quero repousar,
---Na terra onde nasci!...

Floriano H. Silva
HC,


domingo, 9 de setembro de 2018

A IDADE DO ESCURO


Como uma criança que pára no ângulo de um quarto escuro
Antes de entrar avalia os ruídos intocáveis, os silêncios
Que podem estar no fundo dos móveis, conhece com a luz
O que as gavetas guardam, mas no escuro outros receios
Vêm à flor da pele, Como uma criança que está perante
Os doces escondidos no armário e aguarda
Porque as mãos recusam, o que a ideia de pecado faz sentir
Deus atrás das latas, Como uma criança que ouve a sua
Estranha respiração enquanto espera.
20/01/2018
© João Tomaz Parreira

domingo, 2 de setembro de 2018

OS LIVROS E AS ÁRVORES


verto nas mãos os livros. como a águaque escorre livre do folhear das árvores,semeio a sede nos lábios, a frágua
que aquece a raiz das palavras breves.
a nervura do verbo no pecíolo
que sobe até às flores, no suporte
das páginas, dos ramos, o capítulo
das pétalas labiadas de tal arte.
é o tronco que traz a seiva pura,
o rio da palavra que murmura
e desagua após mil marinhagens
no mar da língua. na total candura
transporto os livros. a palavra dura
enquanto duram todas as viagens.
os livros são das árvores, as vagens
cujas sementes gradam na leitura
josé félix

domingo, 26 de agosto de 2018

O RELÓGIO


O tempo vai passando
O medo continuando
Soluções protelando
O fim vai chegando
O tempo sempre a fugir
O agora é o amanhã
O tempo vai passando
velhos vamos ficando
A vida vai avançando
O tempo vai passando
Nós vamos ficando
O relógio vai avançando

M.P.

domingo, 19 de agosto de 2018

MONTESINHO-OU A VOSSA AMIZADE


...E ao contemplar as rosas do meu jardim,
Eu sinto nova aragem dentro de mim
Diluindo a pensativa soledade.
E amo do sol a luz, que gera a cor,
O encanto e a beleza duma flor,
Mas muito mais eu amo a amizade.
Jc
In" espelho de poesia"

domingo, 12 de agosto de 2018

E SOU FELIZ....


Hoje não escrevo
Nem quadras
Nem poemas
Nem nada.
Não quero inventar problemas
Por todos resolvidos.
Deixem-me ser
Um homem qualquer,
Tão saudável
Como um pintor da construção civil
Num domingo de sol,
Ou como um rouxinol
Que canta sem saber que canta
E nos agrada.

Hoje não fiz
Nem versos
Nem poemas
Nem nada
E sou feliz...

Floriano H. Silva
HC, 16/4/1968

domingo, 5 de agosto de 2018

MENINA DE ANGOLA, 1969



A tua pele dissolvia-se na brancura
Dos teus olhos, olhavam-me mais com surpresa
Do que tristes, estavas compenetrada

Na respiração do teu irmão junto ao coração
Braços e mãos de menina mulher durante todo o dia
Nenhuma outra virgem seria tão imaculada
Sentada na quietude do chão quente de África.


12/07/2018
© João Tomaz Parreira 
(Fotografia minha)

domingo, 29 de julho de 2018

BUCÓLICA


as cabras trazem
o cheiro de montanhas impossíveis
e como numa história infantil
a mãe sossega a água na neblina.
vêm os pássaros, o canto
gregoriano detrás da muralha
e o desejo da sede
no poço do caminho.
há dias na pergunta dos murmúrios
que ficam presos na brisa das árvores.
josé félix

domingo, 22 de julho de 2018

RAZÃO/SOLIDÃO


Deito-me com a tua imagem
Tentando entender a razão
Encetamos uma viagem
Vais junto do meu coração
O que provocou tal sensação
Será simplesmente atração
Ou o medo da solidão
Acordo sem perceber a razão
Novo dia já começou
A sensação continuo
A dúvida me assaltou
Atração ou solidão.
M.P.

domingo, 15 de julho de 2018

CRAVOS DE SONHO


Porque te vi nascer, porque os abutres te secaram pétalas, sonho poesia. JC

Sermos livres
livres como o desejo
na liberdade de pensamento
de olhos que olhem e não vejam
senão o que se vê
de línguas limpas
que não apeteçam a podridão
de códigos que não sejam
letra morta onde tudo se lê
menos a palavra amor e liberdade


J.Corredeira

domingo, 8 de julho de 2018

Ó DEUS !


Já me conheces, Deus.
Tenho pecados,
Mas não é minha culpa toda.
Eu fui conviva
Da grande boda,
Dos seus cuidados,
Que não ouviram cuidados teus.

Vai longa a festa.
Prazer esgotado.
Nódoas de fado...
Pouco mais resta,
Nada mais digo.

Ó Deus!
Se podes,
Sê meu amigo.


Floriano H. Silva
HC, 20/4/1968

domingo, 1 de julho de 2018

AEROGRAMA DA GUERRA COLONIAL


“Sabe o ícone a escutá-la, grave, com pesar,
Que o filho que ela espera nunca há-de voltar.”
Konstandinos Kavafis

Filho, o teu silêncio só Deus sabe por que
Nós sabemos que depois de algum tempo
Esfria a vontade de escrever e o assunto
Vai passando de moda ou espera
Mas a tua carta sempre foi tão pontual
E riamo-nos à mesa, como se o que escrevias
Fosse a tua voz, Filho o teu silêncio agora
Que nos não dá respostas, sabe Deus por que.


5/2018
© João Tomaz Parreira

domingo, 24 de junho de 2018

POEMA DA NOITE


a luz. a noite. a palavra pedra
na iluminação escura do caminho.
prende-se a voz nas fragas transmontanas,
na sombra dos duendes e na sombra
das outras sombras que caminham sós
em nocturnais conversas, fantasias
de outras realidades consentidas.
destinos são caminhos programados
na luz escura dos desejos que
sombreiam águas, também margens secas
que suportando o leito da viagem
cansam chegadas numa sede calma.
as pedras no caminho são sinais
das luzes mais intensas da jornada.
josé félix

domingo, 17 de junho de 2018

SAURIMO É A BANDA !


Saurimo é a banda
Lunda sul é a minha terra
Eu sou da terra do Mamu
Eu sou da terra do mu mavu
Eu sou da terra do Kalapacana
Eu sou da terra Lunda Chokwe
Eu sou da terra do Nkumbi nkumbi
Eu sou da terra do Txicumbi do mucanda e do txole
Eu sou da terra do rei Mwatxissengue Watembo
Eu sou da terra do Camanga( diamante)
Eu sou da terra que é governada por um Homem
Eu sou da terra da matamba ( kizaca )
Eu sou da terra do Ufatchi ( chamado molho sujo )
Eu sou da terra do makunde landa ( feijão )
Eu sou da terra do Ika
Eu sou da terra da Mwana pwó
Eu sou da terra em que anteriormente era denominada de vila Henrique de Carvalho
Eu sou da terra em que no dia 28 completa 62 anos desde o dia que foi reconhecida como cidade
Eu sou da terra do kutxi kanawa
Eu sou da terra da rainha Lueje A'Nkonde
Eu sou da terra do rio Mwangueji
Eu sou da terra do rio Chicapa
Eu sou da terra do rio Txihumbué umas das maravilhas de angola
Eu sou da terra sagrada Lunda Sul que tem a capital de Saurimo
E tem 4 municípios
Nomeadamente
Dala
Saurimo
Cacolo
Muconda
Eu sou da terra em que todo mundo se conhece rsrsr
Eu sou da terra do Txianda e do kafundeji
Eu amo a minha banda



Publicado por Dionisio Solochi UB em Adm. Municipal de Saurimo
28/5/2018

domingo, 10 de junho de 2018

A MINHA BICA


As marchas a desfilar
A companhia espectacular
Nós todos a vibrar
Com a BICA a actuar
Rapazes e raparigas a cantar
Todas as marcações no lugar
Nós sempre a encorajar
Este ano é para ganhar
As pedras das escadinhas
Vão todas ecoar
Recordando todas as vitórias
deste lindo bairro milenar
M.P.

domingo, 3 de junho de 2018

EUTANÁSIA (Porque é Domingo)


Também eu me divido
Na controversa opinião,
Mas antes que decidam
“Capem-se”!...
Sem rebuço e em vida,
Os abutres vilões da Nação!


Jc

domingo, 20 de maio de 2018

SAUDADES


Na vida morta!...
Se tudo é sofrer
Só poderei ter
Saudades do mal;
Ah, triste afinal
Quem não tem ninguém,
Nem saudades tem.


Floriano H. Silva
HC, 15/10/1967

domingo, 13 de maio de 2018

AINDA QUE O ARAME FARPADO


Podem os amantes aos olhos de quem passa 
Ignorar os ramos pontiagudos
Do arame farpado, podem ignorar o futuro

Um ombro e um coração que sai do peito
Um homem e uma mulher
Com palavras infinitas nos ouvidos
Cercados - não importa - de ruídos, ambos
Se abraçam ao ritmo invisível do silêncio.

03/10/2017
© João Tomaz Parreira 


(Fotografia de Robert Doisneau)

domingo, 6 de maio de 2018

PORQUE OS TEUS OLHOS PROMETIAM PARAÍSOS...


...diamantes, pérolas e rubis
que só as névoas dos meus garantiam
construí-te sólido sobre balsa e gesso,
ilhas e lagos que não existiam
e que a ampulheta sempre me avisou,
não fosses tu voar sobre sonhos
de papel, de quimeras e desejos
etéreas pétalas, fugazes...
.

LOVE SONG TO A STRANGER

(Words and Music by Joan Baez)

domingo, 29 de abril de 2018

O OUTRO - À GUISA DE EPITÁFIO


o outro - à guisa de epitáfio
não tenho a ousadia dos incautos
nem a subserviência dos fracos
e toda a vida me tenho pautado
na verticalidade das palavras.
estas, tal como o homem que constrói
a catedral para divinizar
o maior anseio das almas feridas,
estão sujeitas à mediocridade
pela contemplação vã, desmedida,
da semântica fútil e tão breve.
pois é. só que as palavras e o homem
fazem parte do mesmo tronco vivo;
a palavra declina o livre arbítrio
e faz o homem cego ou iluminado
que espelha sempre o outro no seu eco.
josé félix

terça-feira, 24 de abril de 2018

CRAVOS DE SONHO


(Porque te vi nascer, porque os abutres te secaram pétalas, sonho poesia).JC
Sermos livres
livres como o desejo
na liberdade de pensamento
de olhos que olhem e não vejam
senão o que se vê
de línguas limpas
que não apeteçam a podridão
de códigos que não sejam
letra morta onde tudo se lê
menos a palavra amor e liberdade
Jcorredeira


domingo, 22 de abril de 2018

AMANHÃ, ANGOLA!


Chega a noite triste e mansa

Parte o dia devagar,
Fica uma réstia de esperança
P´ra quando a manhã chegar.
Vêm meninos da rua
Não sabem ter alegria,
Trazem graxa na sacola
Nunca foram à escola
Esperando o novo dia.
Camiões de chapa amolgada
Levando na carga o povo,
Seguem ao longo da estrada
Toda ela esburacada,
Esperando o dia novo.
Chegam do lado do mar
São mulheres de quem as queria,
Sempre a mesma viagem
Trazem filhos na bagagem,
Esperando o novo dia.
Saco cheio de nada,
Na barriga nada de novo,
È o regresso malvado
Desse tempo metralhado,
Esperando o dia novo.
É na esperança do povo
Qual paz tão fugidia
Que se espera o dia novo
Que se aguarda o novo dia.


Angola,Lobito,10 de maio de 1999
Faria Costa

domingo, 15 de abril de 2018

E ASSIM É O VIVER


Quando eu era criança e inocente
e nem sequer sabia o que era a vida
só queria ser grande e crescido
e ser considerado gente.

Cresci, fui-me fazendo adolescente
e mais me deu a fúria da corrida
tecendo nessa altura e iludido,
castelos belos e lindo, no presente.

Mais tarde, já homem, em modos francos
aos poucos fui sabendo, os contratempos
que a vida nos traz sempre, quando avança!

E hoje , com alguns cabelos brancos
recordo com saudade os outros tempos
e choro por não ser sempre criança.




AO

domingo, 8 de abril de 2018

FOTOGRAFIA



O lado exterior da alma destas crianças.
Cresceram, já por certo não caberão nos corpos, nenhum
pintor escurecia assim estes olhos infantis.
Jamais se repetirá a altura, o riso, um olhar
à espera, um pé descalço
a receber o calor que vem do chão.
As tais crianças onde estão? Tão perto de mim
esta fotografia capturou a eternidade.

27/7/2017
© João Tomaz Parreira


domingo, 1 de abril de 2018

JESUS, PÁSCOA OU UM POEMA PRESENTE


Era verão
um sol ardente, abrasador,
queimava de vento
teu áspero caminho.
E tu, “junto ao poço de Jacob”,
fatigado, sozinho,
contemplavas as searas loiras
do calor.
Do Homem,
vivias a tremenda dor,
a soledade atroz,
dos sem pão e sem ninho
e vias já tão presente,
como um fogoso espinho
teus dias tenebrosos,
como Redentor.
vieste
pelo sofrer da humanidade,
por tal escondeste
a tua Divindade,
sob a capa frágil do homem
contingente.
Eu sei, que ouves a voz
de todo o que implora,
do que, o seu infortúnio
e sua angústia chora,
também, de todo o abandonado
velho e doente...
Jcorredeira
(fotos-net)

domingo, 25 de março de 2018

ACORDEI ESTA MANHÃ…


…com a fragilidade forte, e a força frágil. 
Dei comigo alto mar, fraco bote em forte balançar 
Dos Deuses esperei acalmia, âncora para a força que me fugia, 
E um cais onde me aconchegar. 
Frágil, descobri-me então seguro, pedra-parte-de-muro, 
E percebi a força das asas da borboleta, leve aragem que afaga o mar. . 

fpb 2014

domingo, 18 de março de 2018

{LEMBRANDO...}


objectiva
os espelhos reflectem a imaginação
possível da criação.
a obra alquímica da vida é a obra do pai
como autor da renovação contínua.
são os golpes imaginários de vidros partidos,
mas sempre espelhos, que traçam os flashes
na câmara da existência.
espelhos, reflexos, golpes, e um conjunto
de fotografias sobrepostas
reflectidas sobre si mesmas;
incongruentes, inexpressivas,
esquecidas na objectiva do instante.
somos sempre o nosso reflexo
até na forma apassivante,
gramaticalmente, se.
o reflexo da própria passiva, és.
vida, morte, vida, morte.
a verdade é o reflexo da mentira.
bastam golpes de espelhos.
josé félix

domingo, 11 de março de 2018

MARIA


Desconfiemos das águas dos oceanos
Desconfiemos da poesia das nuvens
muito brancas
São uma central eléctrica que rodopia
um redemoinho a quinze quilómetros no céu
Desconfiemos da força do sol
sobre as águas, de onde os furacões são
válvulas de escape. Senhor, livrai-nos
de Maria e do aquecimento dos mares.


20/09/2017
© João Tomaz Parreira

domingo, 4 de março de 2018

INVISÍVEL


"Estamos mais ligados ao invisível do que àquilo que vemos".
(F. von Ardenberg, 1772-1801)

Na face amável de olhos anelantes
Há caracteres profundos mas sem cor
Longo poema escrito em sangue e amor
No silêncio de noites vigilantes
Quantos escombros pela existência fora
Dos viajores cansados da viagem
Em socalcos encerram sua imagem
Na angústia esquecida da memória


Jc
In " espelho de poesia"