AOS AMIGOS
Poeta? Não sou! Pois tudo quanto escrevo em verso
Esvai-se como fumo em sombra de lonjura
Ou como fogo-fátuo em noite espessa, escura,
E sinto-me em vazio tristemente imerso!
É certo que por todo o vasto Universo
Me lanço com ardor e sempre na procura
De harmonia, de luz, de beleza e de candura,
Que possa traduzir em poema lindo e terso.
Mas ao reler o que traduzo em poesia,
Vejo nesse intenso desejo que me guia,
Uma pálida imagem dum sonho de infância.
Porém... relendo, uma vez mais, o que escrevi,
Talvez eu seja um poeta em musa que sorri
Ao meu gosto secreto duma inata ânsia.
J. Corredeira
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