domingo, 29 de dezembro de 2019

SOLSTÍCIO DE INVERNO


(poeminha à Cidadela-Bragança)
...
Ó berço de granito e giesta
Príncipe sem tempo nem idade,

Veste o INVERNO de festa
Filho "único" da tua cidade.

Se o tempo, tivesse tempo
Nesta corrente de crença,
Pedia um favor ao vento...
Abraça por mim o Fervença.
...

Poema e foto:Jcorredeira

domingo, 22 de dezembro de 2019

A NOITE


Ela passou muito devagar
Escrevendo e a pensar
Ouvindo o barulho do mar
Com os neurónios a fervilhar
A musica sempre a tocar
O cansaço a chegar
A cama a chamar
Com o dia a despertar
O relógio continua a andar
Mas o sono sem chegar
Vou escrevendo sem parar
Esta vida tem que acalmar
Dormir acordado me estou habituar
Na vida gozei o que tinha a gozar
Quando ela me chamar
Eu e mar nos vamos encontrar
Versos então iremos cantar
E as gaivotas irão dançar

O Kapeta M.P.

domingo, 15 de dezembro de 2019

SACANAS


No sábado de chuva miudinha
há um cheiro a latrina que incomoda
O sol e o cheiro a pulhice humana
parece que se dão bem. Os sacanas
momentaneamente parecem deuses
são todos bem falantes com relâmpagos
de genialidade
mas a maior parte do tempo
são idiotas comprometidos com o estrume
vivendo nos pântanos da periferia
afundados em pesadelos e vinagre
Não há esperança para quem não tem
um cavalo ou colmeia para que possa
cavalgar na nuvem
e adoçar o coração acrílico
Mantém-se este cheiro a latrina
o cheiro da mais baixa condição humana
que infesta infecta
a flor azul e o pólen do caminho
José Félix
2019.10.26

domingo, 8 de dezembro de 2019

FRIO!


E há o alarido indiferente 
Do luxo e da riqueza:
E ante este escandaloso esbanjamento,
Recrudesce a revolta e o tormento
Dos escravos da pobreza...
As crianças entram de recolher
E adormecem
Tantas vezes sem comer.
Pouco depois começam a sonhar
Com brinquedos, roupas e manjares,
Que humedecem seus olhares
Ávidos, anelantes.
A mão do pai, mirrada e calosa,
Afaga a face amorosa
De seus filhos ainda tão garotos,
Esqueléticos e rotos.
E sobre essas crianças inocentes
Passam também
Os olhos carinhosos dessa mãe
Que, naquela hora, reza e chora
E cola um beijo humedecido
No filho mais tenro
Em seu colo adormecido.


jc

domingo, 1 de dezembro de 2019

VIAJANDO NO TEMPO


Vou pensando e relembrando
Um cigarro vou queimando
Com o tempo passando
Os pensamentos me atormentando
Um cigarro vou queimando
A vida tanto mudou
Passado lá ficou
O presente me modificou
Um cigarro vou queimando
A flor lentamente medrou
Houve alguém que a regou
E linda ela ficou
Ela da terra nunca se libertou
Mas o Inverno chegou
E a flor morreu terminou
Da terra alguém a arrancou
E para o lixo a atirou
O cigarro já se queimou no cinzeiro
alguém o amachucou.



O Kapeta M.P.