FRIO!
E há o alarido indiferente
Do luxo e da riqueza:
E ante este escandaloso esbanjamento,
Recrudesce a revolta e o tormento
Dos escravos da pobreza...
As crianças entram de recolher
E adormecem
Tantas vezes sem comer.
Pouco depois começam a sonhar
Com brinquedos, roupas e manjares,
Que humedecem seus olhares
Ávidos, anelantes.
A mão do pai, mirrada e calosa,
Afaga a face amorosa
De seus filhos ainda tão garotos,
Esqueléticos e rotos.
E sobre essas crianças inocentes
Passam também
Os olhos carinhosos dessa mãe
Que, naquela hora, reza e chora
E cola um beijo humedecido
No filho mais tenro
Em seu colo adormecido.
jc
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