sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O BOTE -por João Tomaz Parreira




O BOTE


Apenas lhe ocorreu que se se afogasse seria uma pena

Stephen Crane (“O Salva Vidas”)



Já nenhum deles sabia a cor do céu
o vento levava
a negridão das nuvens aos andares celestes 
as águas
eram um muro que desmoronava
como avalanche branca

Já nenhum deles ouvia o grito
do peito das gaivotas, nenhum
deles sentia já as feridas
nas mãos que à vida se agarravam
só com os remos 
e um pressentimento.

Já nenhum
tem nos olhos a alegria da viagem
do início à plenitude.

1/8/2013
© João Tomaz Parreira

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