domingo, 27 de agosto de 2017

CONTRASTES


O tempo...
Perde-se numa hora ou num momento
Por tanto...
A voz letal do pensamento
Sufoca na impotência do argumento
O delírio infernal de qualquer pranto.
Jc
in "abstracto"

domingo, 20 de agosto de 2017

HIROSHIMA, MEU AMOR


Não, tu não viste nada em Hiroshima
o sol explodindo nos olhos, dentro
da tua cabeça sombras
Tu não viste nada a acontecer
o nada de Hiroshima, nem a fissão
do Amor
Nada viste em Hiroshima
Dez mil sóis de temperatura
a cobrir a morte
como um lençol de cinza.
© João Tomaz Parreira

domingo, 13 de agosto de 2017

AO IVAN JUNQUEIRA



trabalho os ossos na vil paciência
de quem ainda tem caminho certo
requeiro a um e a outro a tal licença
pra se mover na vida o rumo incerto.
conforme a vida vai , e a mudança
dos ossos, soltos, e por fim liberto,
não choro o rosto dos que são usança
dos néscios fazendo dos seus protesto.
é nas ossadas que se mente a história
e se inventa a memória que não é
dos fracos, e se canta toda a glória
da vida nunca solta da ralé.
os ossos são só meus, de mais ninguém.
ninguém os cante nem sirvam a alguém.

josé félix

domingo, 6 de agosto de 2017

DIA DE ANOS


Anos são rosas que murcham,
astros cadentes que correm
anos são prantos que nascem
anos são risos que morrem.

São o despertar das horas
que passamos a sonhar,
são ilusões que nos fogem
são saudades a voar

São folhas secas dispersas
porque os vendavais as partem
são corvos negros que chegam,
são andorinhas que partem

Anos são ondas revoltas
que, depois de encapelar,
se desfazem num rochedo
para nunca mais voltar.


Aníbal de Oliveira
A.O.