O céu ficou cinzento,
Os montes a sofrer,
Veio a chuva perdida,
Com uma força atrevida,
Deixar a água correr.
Azinheiras enxarcadas,
A água se está movendo,
Forças da natureza,
Trazendo a certeza,
Que a água está correndo.
Coisas estas do tempo,
Qual tempo sem parar,
A água tem que vir,
Para poder permitir,
As coisas para nos dar.
Évora, 20 de outubro de 2020
Faria Costa
domingo, 25 de outubro de 2020
HOJE !
sábado, 17 de outubro de 2020
AFECTIVIDADE - GRATIDÃO (AOS MEUS AMIGOS)
Eu sou entendimento e sou vontade,
Sou corpo, sou paixão e também dor;
Sou alegria, coração e amor,
Sou presente, futuro e também saudade.
Floresce dentro em mim essa amizade,
Como na Primavera a bela flor
Espalhando nos campos seu olor,
Feita de abraço e feita de verdade.
E da férrea vontade do meu ser,
Com força de mistério e sem eu ver,
Emerge o afecto mágico e profundo.
E através dele eu entro em relação
Comigo, com outro – meu irmão –
E mesmo com as formas deste mundo.
A.Tormes (JC)
(pseudónimo)
foto: Barragem Serra Serrada-Montesinho
domingo, 11 de outubro de 2020
SONETO DE EXÍLIO
São as minúcias da paisagem íntima
a caminhar na cinza do meu corpo
a sombra ténue que rasteja um pouco
e a luz da sombra o copo deixa ínfima
nos lábios da conversa tão humílima.
A brisa da memória que me trai
na duração do tempo que se esvai
na asa da infância que me fiz legítima.
Sei que não é a ilha é a míngua
da voz traída que marca a distância
do sonho de um país de sonho e morto
já distorcido pela escrita, a língua
florete que me faz na transumância
o marinheiro errante em qualquer porto.
Quanto mais penso e digo sou sem pátria
mais sinto o apelo da ditosa mátria.
José Félix
2020.7.20
domingo, 4 de outubro de 2020
DOM QUIXOTE
Quixote! O cavaleiro da triste figura,
Um símbolo imortal de fidalgo lendário,
Conquistador alucinado e visionário
De incrível fantasia e pleno de bravura.
De compleição esguia, barba e face dura, Investes sem temor contra o imaginário
E convertes tua vida em trágico fadário,
Sem escutar a voz do senso e da cordura.
Herói incorrigível de porte garboso
Que vês na rude campesina de Toboso
A dama esbelta do teu cego romantismo!
Quantos desprezam teu risível batalhar,
Mas quão poucos o procuram encontrar
No que ele encerra de justiça e humanismo!...
Jc