domingo, 11 de outubro de 2020

SONETO DE EXÍLIO


São as minúcias da paisagem íntima
a caminhar na cinza do meu corpo
a sombra ténue que rasteja um pouco
e a luz da sombra o copo deixa ínfima

nos lábios da conversa tão humílima.
A brisa da memória que me trai
na duração do tempo que se esvai
na asa da infância que me fiz legítima.

Sei que não é a ilha é a míngua
da voz traída que marca a distância
do sonho de um país de sonho e morto

já distorcido pela escrita, a língua
florete que me faz na transumância
o marinheiro errante em qualquer porto.

Quanto mais penso e digo sou sem pátria
mais sinto o apelo da ditosa mátria.


José Félix
2020.7.20


Sem comentários:

Enviar um comentário