terça-feira, 3 de março de 2015

ÊXODO

A casa seria para guardar as memórias
dos nossos pais, a porta
a última pela qual sairíamos no Egipto,
do metro quadrado chamado gueto e do
pequeno espaço da luz
de cada casa, para caminhar ao sol derramado
no deserto, para separar a impaciência do Mar.
Com os olhos afeitos à limpidez da noite
depois do Anjo que passou rasgar as trevas e os corpos,
sairíamos com pressa dessas memórias
sem danças, nem cantigas, só as orações
ainda sem livro, nenhum
solo de salmo nas cordas das nossas liras.



31-12-2014
© João Tomaz Parreira

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