Onde estão do outrora,essas imagens em que eu via o mundo em sonhos de menino?
A torre, meu castelo de ilusões. O lendário freixo, orgulhoso da sua nobreza. O cronista do Oriente imortalizado em pedestal. A praça salão nobre dos "raparigos". O poeta que me viu "partir chorando". A igreja orgulho de todos nós, filhos da terra manuelina .O rio, esse Douro mágico, que espalha seiva por tudo o que é mundo!
E Vós, Senhora dos Montes Ermos,
quantas mães te prometeram a jorna, pela troca de uma
promessa cumprida?
A tua morada continua na alvura dos anjos?
Lembra-me, Freixo,do trigo das searas arrastado pela brisa suave das manhãs de Junho; da horta da tia Francisca, onde as romãs eram presentes da velha mina!
Onde é sepulto o velho jumento do tio António, que tantas vezes, pelo raiar do dia, me passeava pelo tortuoso caminho do" valduço"?
Onde são as fantásticas miragens, de sonhos esvaídos no passado, que o Penedo Durão pintava no meu pensamento ?
Posso recordar as amendoeiras em flor, que no vale ou monte, transformavam a agreste paisagem?
Ainda vejo junto à fresca e velha fonte, a mítica imagem do lavrador acariciando a terra?
Ali bem perto, a frondosa árvore, lembrava as velhas histórias do tio Branqueja, repassadas na narração, mas sempre com flores novas na minha inocência!
Diz-me, freixo da espada, os sinos ainda tocam às trindades?
Como tudo parece hoje diferente, quando vos analiso à luz fria e neutral do pensamento!
J.C
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