sábado, 24 de dezembro de 2016
NOITE DE NATAL
A minha singela homenagem ao Natal da esperança!
NOITE DE NATAL
Só! Absolutamente só, à mesa.
Parentes e amigos tão dispersos,
Levados por destinos bem diversos ,
Comungam na alegria e na tristeza.
A noite fria, de chuvisco e vento,
Escuta, no silêncio, as orações
E o eco longínquo de canções
A evocar de Cristo o nascimento.
Mas na tela da minha fantasia,
Vejo agora, em minha companhia ,
Os amigos distantes e os parentes.
E contemplo também esse caudal
De tantos para os quais não há Natal
Sobretudo famintos e doentes!...
J.C.
domingo, 18 de dezembro de 2016
O ADVENTO
Houve Dezembros que deveriam ter
ficado pelo meio, sem dias 25, nem preces
de Advento no século passado. O Natal
não combina com Auschwitz-Birkenau.
Poucos procuravam Deus nas campinas
de Auschwitz, quando os cordeiros seguiam
para os fornos e a noite de Natal tombava
como cinza sobre arame farpado
e a neve nos pinheiros
tinha maior peso específico que as luzes.
Houve Dezembros em que Jesus
não nascia ou se nascia
ficava ao colo dos irmãos a esperar nada.
ficado pelo meio, sem dias 25, nem preces
de Advento no século passado. O Natal
não combina com Auschwitz-Birkenau.
Poucos procuravam Deus nas campinas
de Auschwitz, quando os cordeiros seguiam
para os fornos e a noite de Natal tombava
como cinza sobre arame farpado
e a neve nos pinheiros
tinha maior peso específico que as luzes.
Houve Dezembros em que Jesus
não nascia ou se nascia
ficava ao colo dos irmãos a esperar nada.
10-12-2016
© João Tomaz Parreira
© João Tomaz Parreira
domingo, 11 de dezembro de 2016
IMBRÓGLIO
Este "país"azarado,
defunto da incompetência,
mata a fome,
com futebol e fado.
respira saúde na aparência!
defunto da incompetência,
mata a fome,
com futebol e fado.
respira saúde na aparência!
Este "país" azarado,
onde a felicidade é dor,
tem um caso...
vitória de um derrotado,
derrota de um vencedor!
onde a felicidade é dor,
tem um caso...
vitória de um derrotado,
derrota de um vencedor!
J.C.
domingo, 4 de dezembro de 2016
À SOMBRA DOS CAVALOS
nasci há 4.500 anos em almendres
e no cobre do tempo temperei
o vaso e a espada, que desenhei
para defender dos inimigos o meu clã.
orávamos palavras incompreensíveis
para o rumor das árvores em dias
de ventania. risquei sóis e bucrânios
com litos do xamã ouvindo cantos
de zambujeiro, fúnebres, iguais
à fala para a morte de um imberbe.
na paciência dos dias tive a mulher
que me coube pelo poder do braço
até que um homem novo ma tirou
e senhor do poder de ler os sinais
incendiou o meu coração.
quando fui para longe
recolhi-me na gruta do escoural
e adormeci à sombra dos cavalos.
e no cobre do tempo temperei
o vaso e a espada, que desenhei
para defender dos inimigos o meu clã.
orávamos palavras incompreensíveis
para o rumor das árvores em dias
de ventania. risquei sóis e bucrânios
com litos do xamã ouvindo cantos
de zambujeiro, fúnebres, iguais
à fala para a morte de um imberbe.
na paciência dos dias tive a mulher
que me coube pelo poder do braço
até que um homem novo ma tirou
e senhor do poder de ler os sinais
incendiou o meu coração.
quando fui para longe
recolhi-me na gruta do escoural
e adormeci à sombra dos cavalos.
josé félix
domingo, 27 de novembro de 2016
UM FILHO É A PRIMEIRA COISA
“Vuela niño en la doble / luna del pecho”
Miguel Hernandez
Miguel Hernandez
Um filho é a primeira coisa que as mães descobrem
Abrem-se para um corpo frágil
Que sai entre colunas
Dão ao mundo como uma dádiva bendita
Do ventre
Entre os homens não há nada igual
Um amor tão chorado de alegria.
Abrem-se para um corpo frágil
Que sai entre colunas
Dão ao mundo como uma dádiva bendita
Do ventre
Entre os homens não há nada igual
Um amor tão chorado de alegria.
16-06-2016
© João Tomaz Parreira
© João Tomaz Parreira
(Arte: Margarita Sikorskaia, 1968, Rússia)
domingo, 20 de novembro de 2016
VIAGEM NA POPA DE UM NAVIO
Já ouvi poemas de água na esteira de um navio
Um tumulto de espuma que se apaga
E deixa o longe uma linha de melancolia
Igual em qualquer mar, das Caraíbas ao Mediterrâneo
Onde nem Heraclito supôs que o tempo fosse um círculo
Já li poemas de água deixados no rasto de um navio
Que vêm do fundo dos cânticos de sal
Onde o sol afunila a sua luz.
E deixa o longe uma linha de melancolia
Igual em qualquer mar, das Caraíbas ao Mediterrâneo
Onde nem Heraclito supôs que o tempo fosse um círculo
Já li poemas de água deixados no rasto de um navio
Que vêm do fundo dos cânticos de sal
Onde o sol afunila a sua luz.
26-07-2016
© João Tomaz Parreira
© João Tomaz Parreira
RECORDAR...E...VIVER...AB4
Angola
Terra Linda!
Como
é bom relembrar!...
Os
tempos vão passando,
E
vós hoje a recordar…
Outrora
eram belos jovens,
Hoje
já se vão, até queixando…
Partiram
com a Força Aérea….
Quis
o destino encontrá-los,
Em
África esvoaçando…
Naquela
terra vermelha e quente,
Lutando
pela Pátria!
Momentos
tristes,
Horas
amargas…
Essas
que hoje recordam!!!
Foram
fiéis ao chamamento,
Numa
luta desigual…
Juraram
e lutaram por um ideal!
Defenderam
sem igual.
Contavam
as horas…
Contavam
os dias…
Choravam
e riam!!!
O
tempo ia passando,
Entregues
ao destino!!!
Nasceram
aflições.
Ajudaram
multidões…
Perderam
aviões…
Pobres
homens!!!
Mas…
Dia
a pós dia…
A
vossa coragem nascia!
A
vossa esperança surgia!
As
famílias esperavam…
As
famílias rezavam…
Infindáveis
promessas…
No
ar havia fé!!!
Quis
o destino deixar-vos voltar…
Eis
que chegaram…
O
sol não vos deixou!
O sol vos encaminhou!
O sol vos encaminhou!
Risos
e alegrias as famílias partilharam…
E…
Em
cada ponto do País,
A
vossa vida se foi construindo!
Mas…
Não
esqueceram os colegas!
A
amizade perdurou…
E
ano após ano,
O
sol vos reencontra…
Adoram
brindar e contar…
Foram
momentos inesquecíveis,
Vividos
por todos vós…
É
bom sentir,
É
bom relembrar,
Aquela
terra Linda,
Que
vos deixou regressar!!!
Para
todos vós,
Eu e
o Chambel desejamos….
Mil
felicidades sem par!!!
Com
muito carinho e amizade …
Maria do Rosário Chambel
-----Em Argomil-----
Encontro de 12/11/2016
sábado, 12 de novembro de 2016
SEMPRE NO ESPLENDOR DO JASMIM
Se vires uma violeta caída, repõe-na na humildade do seu canteiro.
A natureza fê-la humilde, para ensinar que o amor não se ufana, mas é o elo verdadeiro,
É o perfume que liga as flores e nunca nos engana!
O rouxinol é a voz dos poetas pelos soutos dispersa;
Em melodias inacabadas como a eternidade!
Vai escutá-lo, quando puderes , na qualidade e esplendor duma aurora insubmersa.
De predicados novos para flores novas...
-Fala-lhe porque podes falar à vontade
Com um rouxinol, o mais poético mensageiro da vida
O mais vivo ser-vivo que se desfaz em trovas
Pela penumbra amanhecida.
JCorredeira.
domingo, 6 de novembro de 2016
CANÇÃO PARA AMÉLIA
tem doçura a doce amélia
que no nome pronuncia
o corpo de favos cheio
brotando mel e alegria
que no nome pronuncia
o corpo de favos cheio
brotando mel e alegria
na folha da tua face
vai a minha mão menina
que de um modo tão rapace
de um animal no enlace
solta-se a voz na neblina;
os teus olhos na floreira
são dois botões de camélia
estão ali a vida inteira
como o cacho na videira
tem doçura a doce amélia
vai a minha mão menina
que de um modo tão rapace
de um animal no enlace
solta-se a voz na neblina;
os teus olhos na floreira
são dois botões de camélia
estão ali a vida inteira
como o cacho na videira
tem doçura a doce amélia
na serena idade e grave
plantas um beijo nos lábios
que nem a brisa se atreve
secar um ósculo breve
como disseram os sábios.
pois só assim eu nomeio
a fala que se anuncia
e se me perco no enleio
deixo todo o meu anseio
que no nome pronuncia
plantas um beijo nos lábios
que nem a brisa se atreve
secar um ósculo breve
como disseram os sábios.
pois só assim eu nomeio
a fala que se anuncia
e se me perco no enleio
deixo todo o meu anseio
que no nome pronuncia
de ti bebo a fina água
fonte de todo o início
em ti aqueço a minha frágua
deixando as mágoas à míngua
encher-me de ti é vício.
saboreio-te na gula
és o meu pão, meu recheio
o cereal que tremula
de gesto em gesto se anula
o corpo de favos cheio
fonte de todo o início
em ti aqueço a minha frágua
deixando as mágoas à míngua
encher-me de ti é vício.
saboreio-te na gula
és o meu pão, meu recheio
o cereal que tremula
de gesto em gesto se anula
o corpo de favos cheio
no jardim da primavera
és uma flor solitária
prima ballerina vera
sobrevindo da quimera
como sempre imaginária.
do pólen me alimento
e toda a flora anuncia;
és para a ferida unguento
a colmeia do acalento
brotando mel e alegria
és uma flor solitária
prima ballerina vera
sobrevindo da quimera
como sempre imaginária.
do pólen me alimento
e toda a flora anuncia;
és para a ferida unguento
a colmeia do acalento
brotando mel e alegria
josé félix
domingo, 30 de outubro de 2016
CAVEM MAIS FUNDO
“Ele grita cavem mais fundo no reino da terra”
Paul Celan (in Fuga da Morte)
Paul Celan (in Fuga da Morte)
Por que será que eles cavam e cavam
Enterram as pás mais fundo na terra
As pás com os seus fios rombos de navalha
Vão encurtando as horas da vida, eles sabem
O que os olhos já viram, mas agora os seus olhos
Não acompanham as mãos
Sob as ordens como pedras, a voz diz
Cavem mais fundo para o reino dos céus.
Enterram as pás mais fundo na terra
As pás com os seus fios rombos de navalha
Vão encurtando as horas da vida, eles sabem
O que os olhos já viram, mas agora os seus olhos
Não acompanham as mãos
Sob as ordens como pedras, a voz diz
Cavem mais fundo para o reino dos céus.
18-05-2016
© João Tomaz Parreira
© João Tomaz Parreira
domingo, 23 de outubro de 2016
RAZÃO
Razão,a excelente faculdade,
Que penetra no âmago do ser,
Cuja essência procura entrever
E distinguir o erro da verdade.
É também um farol, luz rutilante
Que rasga a cerração da noite escura
Tornando a rota clara e mais segura
Ao homem, esse inquieto navegante.
Mas na sua vida em permanente luta,
Quanta vez ele desvia sua conduta
Dos caminhos traçados p'la razão!
É que o homem é mais que pensamento;
É afectividade , é sentimento,
É amor puro e é também paixão...
Que penetra no âmago do ser,
Cuja essência procura entrever
E distinguir o erro da verdade.
É também um farol, luz rutilante
Que rasga a cerração da noite escura
Tornando a rota clara e mais segura
Ao homem, esse inquieto navegante.
Mas na sua vida em permanente luta,
Quanta vez ele desvia sua conduta
Dos caminhos traçados p'la razão!
É que o homem é mais que pensamento;
É afectividade , é sentimento,
É amor puro e é também paixão...
JC
domingo, 16 de outubro de 2016
TODOS OS DIAS O CARTEIRO
todos os dias o carteiro traza depressão que lhe convém. depoisevade-se no elevador do prédioe tira à pressa, da camisa branca,os comprimidos que carregam sonhosou os desfazem, dependendo doponto de vista de cada um. Ulissesanda perdido na cidade, e Atenaconhecedora e sábia dos oráculos,demorará o tempo necessáriopara que algum dos deuses se convençae leve o velho marinheiro a Ítaca;só quando a face da mulher que esperanão for sequer o espelho da partida.
josé félix
domingo, 9 de outubro de 2016
CASA DA CAOTINHA
BENGUELA, TERRA DAS RUBRAS ACÁCIAS
Do alto da rochosa casa a pensar,
Oiço o doloroso ranger dos remos,
Na sombra do jango ouvindo o mar,
Sinto os barcos gritarem nas águas,
Apetece-me rir e chorar,
Não sei que fazer às mágoas.
Oiço o doloroso ranger dos remos,
Na sombra do jango ouvindo o mar,
Sinto os barcos gritarem nas águas,
Apetece-me rir e chorar,
Não sei que fazer às mágoas.
Caotinha, 28 de Novembro de 1999
Faria Costa
domingo, 2 de outubro de 2016
O BOMBARDEIRO
“Meditai que isto aconteceu”
Primo Levi
Passei aqui muitos voos de joelhos, orando
Com os olhos atentos ao soberano deus
Morte, com a morte de aço entre os meus dedos
Na mira dos homens, enquanto nas casas cálidas
Ninguém suspeitava e eu era um anjo
Com asas de alumínio, os meus ouvidos
Longe das súplicas a dez mil pés de altura
Testemunham do meu lugar de bombardeiro
Cada ribombar do trovão na noite iluminada
Eu sou o fogo nas ruínas, uma alma
A destruir as outras almas.
27-10-2015
© João Tomaz Parreira
sábado, 24 de setembro de 2016
“OS RAPAZES" DO MEU PAÍS
Tinham eles vinte anos
Os amores de tanta gente
Fosse ele um amor qualquer
Havia sempre uma mulher
A chorar constantemente
Tinham eles vinte anos
Os rapazes da minha terra
Com sonhos no peito ardendo
Foram pela Pátria morrendo
Foram mandados para a guerra
Tinham eles vinte anos
Rapazes do meu País
São homens rindo e chorando
Que o silêncio vão suportando
De uma guerra que ninguém quis!
Têm muito mais que vinte anos
Têm muito mais que desenganos
E ninguém sabe quem eles são
Não sabem quantos estilhaços
Lhes corta a alma em pedaços
E lhes magoa o coração
São eles heróis sem escolta
Numa Pátria a apodrecer
E eu só quero gritar a revolta
Daqueles que nem querem saber
E se este canto é em alta voz
Foi porque deus assim quis
Que jamais nenhum de nós
Esqueça os “rapazes” do meu País
De:
Loureiro, Lurdes (2005/2006), O bate estradas, ano 4, nº 28, Dez./ Jan.
Loureiro, Lurdes (2005/2006), O bate estradas, ano 4, nº 28, Dez./ Jan.
domingo, 31 de julho de 2016
VOZES AMIGAS
Que me chegam repletas de amizade,
A despertar em mim uma saudade
Cujo pungir eu não sentira antes.
Batem os corações mais anelantes
Que aliviam minha alma em ansiedade,
E suavizam a dura soledade
Em noites preguiçosas, fatigantes.
E pra além da distância no espaço
Acompanha-me sempre o vosso abraço
Referto de calor e simpatia.
Ó amigos, que amo e compreendo!
Também eu, tantas vezes, vos relembro
Em horas de tristeza e alegria.
J.C.
domingo, 17 de julho de 2016
A MOLDURA DE BARRO
toco-te
como se acariciasse
um jarro de cerâmica
acabado de moldar
com as minhas mãos
como se acariciasse
um jarro de cerâmica
acabado de moldar
com as minhas mãos
criador dos sentidos
deus é pouco
no muito que consigo
nos gestos transitórios
deus é pouco
no muito que consigo
nos gestos transitórios
se isto é amor
ou não é, não sei
perco-me no barro morno
e recrio outro modelo
enquanto a água goteja
no colo do jarro.
ou não é, não sei
perco-me no barro morno
e recrio outro modelo
enquanto a água goteja
no colo do jarro.
José Felix
domingo, 10 de julho de 2016
TATUAGENS
Era costume, nas décadas de 60 e 70 do século passado, os militares trazerem da Guerra Colonial, tatuagens; cada um trouxe as que pôde:
Estas são as tatuagens do outro lado, de dentro
Da minha alma.
A ponta da agulha
Substituída pelo aparo, a única fronteira
Entre a palavra e a celeste planície
Da poesia, riscava a pele, no papel
Branco, ouvindo o silêncio das palavras, ainda
Sem nada a declarar, onde tudo começava.
Depois
Guardei todas aqui como raízes da memória.
16-10-2015
© João Tomaz Parreira
domingo, 3 de julho de 2016
AMANHÃ !
Chega a noite triste e mansa
Parte o dia devagar,
Fica uma réstia de esperança
P´ra quando a manhã chegar.
Parte o dia devagar,
Fica uma réstia de esperança
P´ra quando a manhã chegar.
Vêm meninos da rua
Não sabem ter alegria,
Trazem graxa na sacola
Nunca foram à escola
Esperando o novo dia.
Não sabem ter alegria,
Trazem graxa na sacola
Nunca foram à escola
Esperando o novo dia.
Camiões de chapa amolgada
Levando na carga o povo,
Seguem ao longo da estrada
Toda ela esburacada,
Esperando o dia novo.
Levando na carga o povo,
Seguem ao longo da estrada
Toda ela esburacada,
Esperando o dia novo.
Chegam do lado do mar
São mulheres de quem as queria,
Sempre a mesma viagem
Trazem filhos na bagagem,
Esperando o novo dia.
São mulheres de quem as queria,
Sempre a mesma viagem
Trazem filhos na bagagem,
Esperando o novo dia.
Saco cheio de nada,
Na barriga nada de novo,
È o regresso malvado
Desse tempo metralhado,
Esperando o dia novo.
Na barriga nada de novo,
È o regresso malvado
Desse tempo metralhado,
Esperando o dia novo.
É na esperança do povo
Qual paz tão fugidia,
Que se espera o dia novo
Que se aguarda o novo dia.
Qual paz tão fugidia,
Que se espera o dia novo
Que se aguarda o novo dia.
Lobito,10 de Maio de 1998
Faria Costa
Costumo escrever com alguma frequência textos sobre desporto, política, tricas do quotidiano, quiçá assuntos de carácter geral. Seguramente que tais textos encontrarão diferenças de opinião, concordâncias e discordâncias.
Hoje para amenizar a leitura, decidi oferecer-vos um «poema”, que escrevi em Angola, Lobito 1998, em plena guerra civil Angolana, quando ali cumpri uma missão no âmbito da Cooperação Técnico-Militar.
Este «poema» mostra a verdade nua e crua que ao tempo se vivia em Angola.
Revela também como era o meu caso, que os militares têm sensibilidade e sentimentos que na maior parte dos casos nada têm a ver com o calibre das munições e o sentido da guerra.
A minha visão de Angola em 1992 era aquela que vos descrevo neste despretensioso «poema».
Hoje para amenizar a leitura, decidi oferecer-vos um «poema”, que escrevi em Angola, Lobito 1998, em plena guerra civil Angolana, quando ali cumpri uma missão no âmbito da Cooperação Técnico-Militar.
Este «poema» mostra a verdade nua e crua que ao tempo se vivia em Angola.
Revela também como era o meu caso, que os militares têm sensibilidade e sentimentos que na maior parte dos casos nada têm a ver com o calibre das munições e o sentido da guerra.
A minha visão de Angola em 1992 era aquela que vos descrevo neste despretensioso «poema».
domingo, 26 de junho de 2016
PERGUNTAS AO TEMPO, POR FREIXO DE ESPADA Á CINTA.
Onde estão do outrora,essas imagens em que eu via o mundo em sonhos de menino?
A torre, meu castelo de ilusões. O lendário freixo, orgulhoso da sua nobreza. O cronista do Oriente imortalizado em pedestal. A praça salão nobre dos "raparigos". O poeta que me viu "partir chorando". A igreja orgulho de todos nós, filhos da terra manuelina .O rio, esse Douro mágico, que espalha seiva por tudo o que é mundo!
E Vós, Senhora dos Montes Ermos,
quantas mães te prometeram a jorna, pela troca de uma
promessa cumprida?
A tua morada continua na alvura dos anjos?
Lembra-me, Freixo,do trigo das searas arrastado pela brisa suave das manhãs de Junho; da horta da tia Francisca, onde as romãs eram presentes da velha mina!
Onde é sepulto o velho jumento do tio António, que tantas vezes, pelo raiar do dia, me passeava pelo tortuoso caminho do" valduço"?
Onde são as fantásticas miragens, de sonhos esvaídos no passado, que o Penedo Durão pintava no meu pensamento ?
Posso recordar as amendoeiras em flor, que no vale ou monte, transformavam a agreste paisagem?
Ainda vejo junto à fresca e velha fonte, a mítica imagem do lavrador acariciando a terra?
Ali bem perto, a frondosa árvore, lembrava as velhas histórias do tio Branqueja, repassadas na narração, mas sempre com flores novas na minha inocência!
Diz-me, freixo da espada, os sinos ainda tocam às trindades?
Como tudo parece hoje diferente, quando vos analiso à luz fria e neutral do pensamento!
J.C
domingo, 19 de junho de 2016
KALUNGA
é um vento de zinco
que beija os mamoeiros.
quiandas e cazumbis,
detrás das aduelas,
em coro com os cães,
espantam os morcegos
que vagueiam na noite.
os desenhos geométricos
das estrelas mais vivas
são as casas do sonho
de passeantes nocturnos
que plantam os desejos
de sementes cativas
no corpo de mulher.
assobios e piar
de pássaros do sul
marulham na folhagem;
muralhas duma água
que desagua fértil
no rosto que desenha
um país de futuro
plantado no passado.
sons de mar, e dos deuses
seduzidos por vozes
semeadas nas lavras,
nos sons íntimos das
cacimbas da maianga.
o meu sabor está
no fruto da mabanga
da ilha luandina,
no cheiro da garoupa
do porto de carvão,
onde o corpo descansa
ao lado das traineiras
esventradas do tempo.
meros e baiacús
constroem o silêncio
na podridão das tábuas.
há sons novos na areia,
e as andorinhas voam
ao lado dos ferrões,
todo o ano beijando a água.
os peixes apodrecem,
mas num sinal decúbito,
o dia vem remando
ventos de madrugada.
josé félix in "a outra fala"
domingo, 12 de junho de 2016
ENTRETENIMENTO
Chegas a casa. Liquidas o nó da gravata.
Ligas a TV, o Mundo já não é um lugar de refúgio
o que se passa é que os teus olhos te puxam
para lugares cenas e vozes que aceleram o teu coração
quando o que querias era descanso, um peso
retém-te como uma âncora, o sofá
agora é um abismo, salva-te o vício do jantar.
Regressas. Na TV um teutónico fala, a Europa
começa a ter mártires por todo o lado, é urgente
enviar sondas para outros Martes, descobre-se uma doença
chamada homem, outra nova que já poderia ter cura
mas a indústria diz que não é Deus, zarpas do canal
e noutro, ouves uma canção estragada
por uma telenovela.
começa a ter mártires por todo o lado, é urgente
enviar sondas para outros Martes, descobre-se uma doença
chamada homem, outra nova que já poderia ter cura
mas a indústria diz que não é Deus, zarpas do canal
e noutro, ouves uma canção estragada
por uma telenovela.
18-09-2015
© João Tomaz Parreira
© João Tomaz Parreira
domingo, 29 de maio de 2016
O TEMPO
Aquele que nunca sofreu
Da desgraça os golpes duros;
Aquele que nunca bebeu
Doce amor de lábios puros;
Aquele que nunca sentiu,
No peito as penas dolorosas
Do ódio e jamais ouviu
Gemer os próprios algozes;
Que, aos poucos envelheceu
por conta, peso e medida,
-Não me diga que viveu:
Gastou apenas a vida…
Aníbal de Oliveira
( AO)
domingo, 22 de maio de 2016
O SONHO DO PILOTO
Vou-lhes contar num instante
Um sonho muito interessante
Que tive a noite passada
Pilotando um avião
Voava sobre o sertão
Numa bela madrugada
Um sonho muito interessante
Que tive a noite passada
Pilotando um avião
Voava sobre o sertão
Numa bela madrugada
Avariou-se o motor
E com o medo me relaxo
Pensando num esqueleto
Sem pensar onde me meto
Atirei-me lá pra baixo
Um grande leão mirei
Que saía dum buraco
Fiquei cheio de energia
Confesso que me sentia
O Tarzan homem macaco
Elefantes, tubarões,
Giboias e crocodilos
Papagaios e periquitos
Borboletas e mosquitos
Moscas, baratas e grilos
Quando me pus a olhar
Fiquei muito admirado
Tinha a cama toda partida
A mobília toda torcida
De tanto soco ter dado.
Autor desconhecido
Remetido por Sérgio Durães
domingo, 15 de maio de 2016
UM SONHO
Sonhei-me a voar,
firmamento...
projecto sem destino certo,
luz da alma em rebuliço
tal qual o pensamento,
da gravidade liberto.
espaço como outrora,
entro em nuvens de linho,
não passou o tempo!...
revejo agora,
azul celeste a recordar
"horizontes de memória",
ondas de montes
no olhar.
vi-me a correr
célere como o vento.
das estrelas fiquei perto,
celebro o cometimento.
acordado entro a decifrar
linguagem estranha.
voo onírico,
abraçar.
esforço inconsciente,
alegria subjacente,
voltar de novo
a voar!!!
firmamento...
projecto sem destino certo,
luz da alma em rebuliço
tal qual o pensamento,
da gravidade liberto.
espaço como outrora,
entro em nuvens de linho,
não passou o tempo!...
revejo agora,
azul celeste a recordar
"horizontes de memória",
ondas de montes
no olhar.
vi-me a correr
célere como o vento.
das estrelas fiquei perto,
celebro o cometimento.
acordado entro a decifrar
linguagem estranha.
voo onírico,
abraçar.
esforço inconsciente,
alegria subjacente,
voltar de novo
a voar!!!
JCorredeira
segunda-feira, 9 de maio de 2016
MANUAL DE ESCULTURA
na robustez da pedra
aponta
o cinzel que modela
a face oculta
a que tem a substância
da doação
de nítida religiosidade
na sombra do sol
a ferramenta
prepara a pedra
a rugosidade do corpo
envelhece-o
na solidez permanente
do pó
aponta
o cinzel que modela
a face oculta
a que tem a substância
da doação
de nítida religiosidade
na sombra do sol
a ferramenta
prepara a pedra
a rugosidade do corpo
envelhece-o
na solidez permanente
do pó
José Félix
domingo, 1 de maio de 2016
A MÃE
Os filhos não são um eu separado das mães
Com elas ao nosso lado nós tínhamos
Um útero, um cordão
De ouro invisível, com elas ao nosso lado
Sabíamos a origem das coisas, de onde viemos
Do seu ventre encanecido, com rugas brancas
Como os cabelos, com as mães ao nosso lado
Nós tínhamos uma certidão de nascimento.
2015
© João Tomaz Parreira
domingo, 24 de abril de 2016
O TOQUE
Canta o clarim sonoro a marcha da alvorada
A tropa chega, avança e passa vitoriada
e que resta depois na imensidão da estrada
Poeira,poeira,poeira…
Juras de amor, poemas de glória inteira
Doces recordações, tudo, tudo teriam
Se calhar em cem anos de viver
o que apenas se vive em um dia
Poeira, poeira, poeira…
O tempo destrói cruel o que é sobranceiro
e bebe a aridez dos céu a água da fonte mansa;
No cume da pirâmide hostil, o vencedor descansa….
Poeira, poeira, poeira…
Meu coração é poeira, á poeira o sangue eu devo
e amanhã restará dos versos que escrevo
Poeira, poeira, poeira…
Aníbal de Oliveira
(AO)
domingo, 17 de abril de 2016
SUSPIRO
Segue connosco a mesma viagem
Quando a vida é suave como a aragem
Refresca-nos em dias longos de calor
E sempre que esmorece o nosso ardor
E vai entardecendo a imagem
Surge como feitiço salvador
Não deixando que tudo seja quimera ou miragem
Mas este amor que nos anima e nos alenta
Em momentos de luz ou de tormenta
Só pode viver da certeza de quem ama
J.Corredeira
sábado, 26 de março de 2016
A RESSURREIÇÃO
sem nada para chorar
senão um túmulo vazio
e dois anjos a arrumarem a casa
vazia para sempre
sem nada sobre o que derramar o seu incenso
as mulheres
recém chegadas ao sepulcro
vão gastar os olhos na vigília
senão um túmulo vazio
e dois anjos a arrumarem a casa
vazia para sempre
sem nada sobre o que derramar o seu incenso
as mulheres
recém chegadas ao sepulcro
vão gastar os olhos na vigília
as mulheres sem um corpo onde encostar
o seu olhar silencioso
o fio das suas lágrimas
o seu olhar silencioso
o fio das suas lágrimas
e regressam, as mulheres
regressam com o vento nas sandálias
regressam com o vento nas sandálias
as mulheres que vêm com o medo
mas com os cabelos como os ramos
perfumados de alegria.
mas com os cabelos como os ramos
perfumados de alegria.
© João Tomaz Parreira
quinta-feira, 17 de março de 2016
O LUGAR ONDE 1
o lugar onde
me circunstancio
é a clareira
da memória, rara,
que leva os dedos
para o corpo feito
de um desejo,
que ficou na cinza
de um fogo aceso
e consumido, breve,
na emoção
de uma palavra em chama.
o lugar, brasa
que me veste o corpo,
fotografia
de um olhar cativo
− a circunstância
dupla e eficaz,
e que regista
a memorização
do próprio fogo
de todo o lugar.
é uma fuga
o local da memória.
In O Lugar Onde
José Félix
domingo, 13 de março de 2016
RESPONDE-ME
(para todos aqueles que a doença lhes bate à porta sem avisar)
Versus finem
A doença vai minando o teu corpo cansado
E reparo que os anos te tornam mais lento
No passo vagaroso e no teu pensamento,
E parece tão breve o tempo já passado.
O vigor da memória de que eras dotado
E que muito retinha num breve momento
Entrou de enfraquecer em passo sem alento
E olho-te, com pena, nesse teu estado!
E, contudo, eu sei que a vida é contingente
E que em todo o momento a morte é iminente
Porque o nosso viver é limitada viagem.
Verdades que os homens vêem dia a dia,
E que todos aceitam em pura teoria,
Mas que vivencialmente parecem miragem !
Jcorredeira
domingo, 6 de março de 2016
LÁZARO À PORTA DO RICO
Deixa que venha o cão da ternura
e amacie as tuas feridas, a rosa
de carne que aguentará mais um inverno.
Deixa que venham as migalhas, gotas de pão
come como as aves com o rosto virado para
o chão, não tens outro lugar, até que o céu envie
os anjos, eles vêm adiante dos pés de Deus
para amaciar o caminho. Deixa que venham
para te carregar na doce imensa
rosa das suas mãos.
e amacie as tuas feridas, a rosa
de carne que aguentará mais um inverno.
Deixa que venham as migalhas, gotas de pão
come como as aves com o rosto virado para
o chão, não tens outro lugar, até que o céu envie
os anjos, eles vêm adiante dos pés de Deus
para amaciar o caminho. Deixa que venham
para te carregar na doce imensa
rosa das suas mãos.
© João Tomaz Parreira
(Foto do DN)
domingo, 28 de fevereiro de 2016
O TRISTE BEIJO
Um dia, o alegre beijo partiu
a caminho de umas belas faces para lhes falar de amor,
Na partida ouviu dizer, que a bela a quem se daria
teria a pele suave e mais formosa
que à luz do dia existia.
Lá vem ela!
E mesmo ao longe já lhe adivinha o coração
o palpitar de ansiedade,
Com a pressa de se ir poisar em tão deslumbrante beldade.
Ao curvar-se, galante para a boca rosada….
Que triste decepção,
Quase sufocava entre as nuvens de uma espessa fumarada,
E ao olhar se aquilo é donzela ou não
vê surgir na boca um cigarrito brejeiro
e assim já não entendia,
mas voz era tão feminina,
Que o beijo se apressa a julga-la menina,
Mas não...Mas não.... Mas não…
Seria aquela cabeça de mulher ou de rapaz.?
Que triste decepção
Foge o beijo espavorido
e a todos se foi queixar
de um engano desastroso.
E volta ao ponto de partida
a contar , lamurioso
Aquela donzela tão querida
que apenas estava a fumar
e foi um beijo desolado
Ir tocar nas faces de uma donzela
que mais parecia um varão.
Que triste decepção.
Aníbal de Oliveira
a caminho de umas belas faces para lhes falar de amor,
Na partida ouviu dizer, que a bela a quem se daria
teria a pele suave e mais formosa
que à luz do dia existia.
Lá vem ela!
E mesmo ao longe já lhe adivinha o coração
o palpitar de ansiedade,
Com a pressa de se ir poisar em tão deslumbrante beldade.
Ao curvar-se, galante para a boca rosada….
Que triste decepção,
Quase sufocava entre as nuvens de uma espessa fumarada,
E ao olhar se aquilo é donzela ou não
vê surgir na boca um cigarrito brejeiro
e assim já não entendia,
mas voz era tão feminina,
Que o beijo se apressa a julga-la menina,
Mas não...Mas não.... Mas não…
Seria aquela cabeça de mulher ou de rapaz.?
Que triste decepção
Foge o beijo espavorido
e a todos se foi queixar
de um engano desastroso.
E volta ao ponto de partida
a contar , lamurioso
Aquela donzela tão querida
que apenas estava a fumar
e foi um beijo desolado
Ir tocar nas faces de uma donzela
que mais parecia um varão.
Que triste decepção.
Aníbal de Oliveira
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
A VOZ DA ALMA
Sentado. Ante meus olhos só o mar
Plano e calmo num dia sonolento ;
Não se ouvia sequer gemer o vento
Nem havia gaivotas a voar.
Plano e calmo num dia sonolento ;
Não se ouvia sequer gemer o vento
Nem havia gaivotas a voar.
E não sei se acordado se a sonhar
Vogava sem destino o pensamento
Por mundos onde tudo é movimento,
Sem ponto que me possa nortear.
Vogava sem destino o pensamento
Por mundos onde tudo é movimento,
Sem ponto que me possa nortear.
Voltei da minha ausência; e já desperto
Batida pela aragem,ali bem perto,
Baloiçava uma rosa num jardim.
Batida pela aragem,ali bem perto,
Baloiçava uma rosa num jardim.
E ao perguntar se aquela dança em cor
Era estranha mensagem, disse a flor:
"Aquela que desejas ver em mim"...
Julio Corredeira
Era estranha mensagem, disse a flor:
"Aquela que desejas ver em mim"...
Julio Corredeira
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
MANUAL DE ESCULTURA
na robustez da pedra
aponta
o cinzel que modela
a face oculta
a que tem a substância
da doação
de nítida religiosidade
na sombra do sol
a ferramenta
prepara a pedra
a rugosidade do corpo
envelhece-o
na solidez permanente
do pó
aponta
o cinzel que modela
a face oculta
a que tem a substância
da doação
de nítida religiosidade
na sombra do sol
a ferramenta
prepara a pedra
a rugosidade do corpo
envelhece-o
na solidez permanente
do pó
José Félix
domingo, 31 de janeiro de 2016
RETROSPECTIVA
Portugal houve um tempo em que
dei-te tudo, na minha juventude
dei-te tudo, na minha juventude
um pouco quase fatal do meu sangue
em África, as candeias da noite
estiveram com esse sangue a iluminar
a escuridão, dei-te tudo
Portugal, e agora não sou nada.
Os cofres estão cheios, alguns
que nunca souberam o que era uma guerra
dizem-no, Portugal, mas eu como tantos
não sou nada. Como diria o Allen
Ginsberg. Vai-te lixar
com os teus merceeiros enriquecidos.
em África, as candeias da noite
estiveram com esse sangue a iluminar
a escuridão, dei-te tudo
Portugal, e agora não sou nada.
Os cofres estão cheios, alguns
que nunca souberam o que era uma guerra
dizem-no, Portugal, mas eu como tantos
não sou nada. Como diria o Allen
Ginsberg. Vai-te lixar
com os teus merceeiros enriquecidos.
23-03-2015
© João Tomaz Parreira
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
SONHO SEM TEMPO
Horas da noite!
desgarrada a fantasia
voei para mundo hoje imaginário.
senti-me só,
homem solitário
imerso em profunda e suave nostalgia.
talvez, uma floresta onde aportei certo dia,
guiado pela oculta mão do meu fadário,
porque ali nem relógio do tempo existia.
mas foi um sonho com forma e também imagem,
terra, onde todos vós foram miragem,
símbolos subtis da minha soledade!...
passados muitos anos, ao certo, nem eu sei...
mas quando a luz entrou no quarto e acordei,
senti dentro de mim mil abraços de saudade!...
desgarrada a fantasia
voei para mundo hoje imaginário.
senti-me só,
homem solitário
imerso em profunda e suave nostalgia.
talvez, uma floresta onde aportei certo dia,
guiado pela oculta mão do meu fadário,
porque ali nem relógio do tempo existia.
mas foi um sonho com forma e também imagem,
terra, onde todos vós foram miragem,
símbolos subtis da minha soledade!...
passados muitos anos, ao certo, nem eu sei...
mas quando a luz entrou no quarto e acordei,
senti dentro de mim mil abraços de saudade!...
JCorredeira
Foto do saudoso Gido Ferreira
domingo, 17 de janeiro de 2016
SE EU PUDESSE ESCOLHER
Não era o cemitério, o chão banal que é dado,
Aos que da vida se vão despedindo
Que um olmeiro, dos que vejo,
é muito mais copado…
é muito mais copado…
Que um túmulo
de pedra esmaga de pesado,
Mas há uma terra que eu sei, que mais leve me seria.
de pedra esmaga de pesado,
Mas há uma terra que eu sei, que mais leve me seria.
Pudesse ter descanso á sombra conhecida,
Das árvores que amei e do cheiro que conheci!...
Desde pequenino…..
Eu sei o que escolheria
Se a terra que pisei me fosse concedida para dormir em paz….
Como eu gostaria…
De ter assim na morte o que achei de bom na vida.
Aníbal de Oliveira
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