sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O SORRISO DE DA VINCI por J.T.Parreira



O SORRISO DE DA VINCI


O sorriso como uma nuvem
ténue, impreciso, sobre o qual os olhos
de Gioconda se desviam, parou
em vão batemos à porta
do mistério, morremos
e o sorriso continua

Entramos no sorriso
como Leonardo entrou e não há mais
o fundo da paisagem.

J.T.PARREIRA

Poemas de 2010

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A DESPEDIDA por Filipe Raimundo



A DESPEDIDA



Mãe!
Quero dizer-te agora,
Que da partida
A hora está chegando.
E antes que vá por esses mundos fora,
Quero que fiques sabendo.
Mãizinha! quero que saibas
Que eu nunca te esquecerei,
Porque, mãe...
Sempre te amei...
E quando queria dizer-to,
Palavras nunca encontrei.
Agora, que vou partir
Para terras de além-mar,
Oiço, ao longe, o soluçar
Do teu coração partido...
Eu sou o teu filho querido,
Que não soube respeitar,
O muito que tu sofreste,
Para uma vida lhe dar.
Mas amo-te, cá no fundo,
E sei que para vir ao mundo,
Dores de parto tu sofreste,
E quando a vida me deste,
Sorriste, da dor esquecida.
Agora vou-te deixar...
Já sou grande,
Estou crescido,
Estou de soldado vestido
P´rá pátria ir defender,
Mas vou dizer-te, mãe querida,
Para que fiques a saber
Que te continuo a amar...
E quando um dia voltar,
A teu lado vou ficar,
Para o resto da minha vida.

Filipe Raimundo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

FALTA-ME UMA PALAVRA por J. T. Parreira



FALTA-ME UMA PALAVRA

Me falta una palabra sólo
Ángel Gonzaléz


Esquecida em vossos bolsos
podeis ter a palavra
que ocupe a minha boca silenciosa
que preciso
para com ela cavar no escuro
um veio de ouro
por que a escondeis
quando pode ser um vaso
grego um vaso etrusco
a derramar o sol
nestes meus olhos já cansados
Um sorriso esquecido
em vossos bolsos, como estrela
diminuta escondida por uma nuvem
uma palavra sozinha e triste
serve para tirar os meus pés
deste mundo. Uma gaivota
que no vento azul do oceano
interrompe a luz.

J.T.Parreira 2010