sábado, 23 de novembro de 2013

A MANADA ESTÁ A CHORAR

Deixo-vos um pequeno escrito que fiz ao crepúsculo num dia de caça aos patos junto a uma charca onde também o gado ia beber algures no Baixo Alentejo. Verão quente de 2005.

Aqueles olhos aproximam-se e passam
Vem vagamente
Vem levemente, perdidos, talvez.
Trazem os montes nus,
Trazem as árvores próximas,
Fazem dos campos os campos que vejo,
procuram coisas em vão,
Buscam o pasto que é pão.
Lambida a terra queimada
Não há no campo o verde verde,
Não há pão não há nada.
Em volta do bebedouro
Que é sempre o seu tesouro
Anda perdida a manada.
A terra está esventrada,
Seca, febril, sem germinar,
A terra está cansada,
Já não pode dar nada.
A manada está a chorar

Luis Faria Costa

Sem comentários:

Enviar um comentário