domingo, 14 de junho de 2015

NENHUMA BELEZA VÍAMOS

Nenhuma beleza nos cravos que romperam
a carne, nas mãos
nenhuma beleza prendia o olhar
nenhuma beleza no peito
aberto pelo ímpeto da lança
nos olhos, como um espelho negro
onde a dor adormece lentamente
nenhuma beleza havia que nos agradasse
nenhuma beleza na melodia
do salmo do abandono
nenhuma beleza nos pés, como folhas
secas no madeiro, sem outra saída
senão dar beleza à sua morte.

s/data
© João Tomaz Parreira


(Dali, El Cristo de San Juan de la Cruz, 1951)

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