domingo, 2 de junho de 2019

CHOPIN E A MORTE DE UM PAÍS


tenho a vertigem nos lábios
e o sabor da falésia na espera das mãos.
a virtude é uma folha branca
na tosse de chopin
no compasso da polonaise mentindo
o realismo no disfarce romântico do piano.
a morte de um país é mais que uma máscara
pendurada na parede
ao lado de uma flecha e um arco de recordações.
é a perseguição da sombra
uma pedra sem nome
e mesmo que uma tela abarque todos os disfarces
de um pintor escroque
ou um barco navegue todos os mares e rios,
a vertigem tem sempre a dupla visão
do espaço na tentativa de reconstruir
no outro lado da margem uma sabedoria nova
que limpe a água já que a palavra suicida
impossibilita a iluminação das veias.
nem chopin disfarçado de romântico
me tira os estiletes espetados no coração.

josé félix

Sem comentários:

Enviar um comentário